segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Sigam o exemplo!

Moção

Os professores da Escola Secundária de Barcelos, reunidos em plenário no dia 3 de Novembro, reiteram o seu total desacordo com os princípios que norteiam a Avaliação do Desempenho Docente proposto pelo Ministério da Educação. Discutiram e votaram a moção que se segue:

Decidiram,

  1. Não apresentar os objectivos individuais, previstos no Decreto-Lei 2/2008,

  1. Rejeitar a sujeição à avaliação do desempenho docente nos moldes em que está estruturada,

  1. Exigir a renegociação do Decreto Regulamentar 2/2008, bem como o Decreto-Lei 15-2007 que lhe dá suporte legal,

  1. Propor aos Departamentos que reúnam para assumirem uma posição consentânea em relação à avaliação do desempenho docente.

Nos termos e com os fundamentos seguintes:

  1. a excessiva carga burocrática, que o processo de avaliação acarreta, está a prejudicar gravemente o normal funcionamento da actividade lectiva, com a agravante de se estar ainda numa fase inicial;

  1. a flagrante desmotivação que todo este processo tem provocado nos professores, desde a desvalorização socioprofissional até uma avaliação de desempenho injusta, parcial, burocrática, inexequível e que não contribui em nada para a melhoria da aprendizagem dos alunos, tem tornado o trabalho na escola insuportável;

  1. todo este processo põe em causa, inclusive, os deveres gerais da profissão previstos no artigo 10º do respectivo Estatuto, nomeadamente, os deveres do rigor, da isenção, da justiça e da equidade, nomeadamente, os deveres de exercício da sua função por critérios de qualidade, nomeadamente, o dever de cooperação;

  1. a avaliação do desempenho está orientada para a melhoria estatística dos resultados dos alunos, promovendo eventuais resultados artificiais porque inflacionados, promovendo o facilitismo, despromovendo o rigor e a exigência;

  1. este modelo de avaliação promove e incentiva a competição desmedida entre colegas de profissão, inviabilizando o trabalho cooperativo, absolutamente necessário para um exercício de funções com qualidade;

  1. a promoção, com os prejuízos supracitados, da divisão entre avaliados e avaliadores, titulares e não titulares, sem qualquer critério de exigência aceitável, apenas pelo exercício de cargos administrativos;

  1. o próprio Ministério não dá resposta adequada às recomendações do Conselho Científico para Avaliação dos Professores, mantendo em vigor fichas de avaliação absolutamente desadequadas;

  1. o Ministério não dá resposta à questão ética e legal de nesta escola, bem como em muitas outras, não ser possível cumprir o disposto no Decreto Regulamentar nº2/2008 de 10 de Janeiro, que determina que a avaliação pondere "o envolvimento e a qualidade científico-pedagógica do docente."

Assim, os signatários renovam a proposta de suspensão de todas as iniciativas e actividades relacionadas com o processo de avaliação em curso, certos de que, desta forma, contribuem para a melhoria do trabalho dos docentes, das aprendizagens dos alunos e da qualidade do serviço público de educação.


São subscritores deste documento,

O Absoluto Ridículo

Estudantes do secundário regressam às manifestações na quarta-feira

Professores saem para a rua no sábado
03.11.2008 - 11h49 Lusa
Os estudantes do secundário regressam na quarta-feira aos protestos, de norte a sul do país, contra as políticas educativas. As palavras de ordem são antigas, mas os métodos de mobilização estão mais apurados.

O Dia Nacional de Luta do Secundário foi agendado por associações de estudantes do Porto, mas a ideia é um protesto “descentralizado” um pouco por todo o país. A maior adesão dos alunos deverá verificar-se em Lisboa.

Na capital, a manifestação está marcada para as 10h00 no Marquês de Pombal, com saída 30 minutos depois para o Ministério da Educação, na Avenida 5 de Outubro. A Plataforma Estudantil Directores Não! está a ajudar a dinamizar o protesto.

Nos últimos dias, os membros deste movimento andaram nas escolas de Lisboa, Loures, Oeiras, Odivelas e Sintra a colar cartazes e faixas e a distribuir panfletos. E-mails, mensagens de sms e até a comunidade social virtual hi5 são alguns dos meios que estão a ser utilizados para mobilizar estudantes.

“Nos últimos dois anos, as manifestações em Lisboa têm sido de facto pouco significativas, mas isso não significa que a luta dos estudantes tenha sido menor. Os protestos acontecem agora mais escola a escola, concelho a concelho”, justifica Luís Baptista, um dos coordenadores da Plataforma.

Novo regime de faltas e gestão escolar

O novo regime de faltas e o diploma sobre gestão escolar são as principais razões, “apesar de existirem muitas mais”, para o aluno acreditar numa adesão maior dos estudantes do secundário na quarta-feira, do que a verificada nos últimos protestos.

“O conselho executivo ou o director poderá suspender um aluno por um período de cinco dias sem ter de ouvir o próprio aluno ou o seu encarregado de educação. Há aqui um aumento de poder que na prática não serve para resolver um problema”, afirma Luís Baptista.

Por outro lado, critica o novo regime de faltas e, sobretudo, a obrigatoriedade da realização de uma prova no caso de ser excedido o limite de ausências, independentemente do motivo: “Um aluno pode estar doente, pode morrer-lhe um familiar e para o ministério da Educação isso não tem qualquer peso. Junta-se tudo no mesmo saco.”

Mas os alunos do secundário vão protestar ainda contra o novo diploma da gestão e administração escolar. Lembram que os conselhos executivos, uma direcção colegial, eram escolhidos por um universo que muitas vezes podia chegar aos 200 elementos, enquanto o director, órgão unipessoal, será designado no máximo pelos 20 membros do Conselho Geral, na maior parte dos casos sem ter qualquer contacto com a realidade da escola à qual se está a candidatar.

As críticas ao novo diploma da gestão escolar prendem-se ainda com a abertura da escola às comunidades: “Podemos estar a abrir caminho à entrada de muitos ‘amigos’ de colectividades, movimentos ou associações nas escolas.” Discordam ainda do facto de o Ministério da Educação poder demitir um director, ainda que por despacho fundamentado.

Clima de “cansaço, insatisfação e profunda desmotivação”

Os alunos de cinco escolas secundárias do Barreiro, por exemplo, também vão para a rua na próxima quarta-feira: concentram-se junto à Câmara Municipal cerca das 9h00 e acrescentam outros motivos para o protesto.

“O aumento do preço dos manuais escolares, o regime de faltas que queremos ver revogado, as condições sobre-humanas das escolas, a falta de funcionários auxiliares” são as razões do protesto, afirmou Denise Carvalho, do Movimento dos Estudantes em Luta-Barreiro.

Apesar de afirmar que a questão da avaliação de desempenho deve ser resolvida entre a tutela e os sindicatos, a Plataforma Estudantil Directores Não! garante que os alunos estão a ser prejudicados.

“Não pode continuar nas escolas o clima de cansaço, insatisfação e de profunda desmotivação. Diariamente, os professores desabafam connosco sobre os problemas associados à avaliação e falam em reformas. Não se sente o mesmo ânimo e entusiasmo de outros tempos”, sustenta Vera Sousa, aluna da Secundária Camilo Castelo Branco, em Carnaxide, e um dos elementos da plataforma.

Além dos estudantes, os professores saem para as acções de rua no sábado, para um plenário e uma manifestação agendada pelos sindicatos, e uma semana depois regressam aos protestos, desta vez convocados por três movimentos de docentes.

Luttes au Portugal


Au Portugal, ces trois dernières années, le gouvernement Sócrates (PS), et la ministre de l’éducation, Maria de Lurdes Rodrigues, ont lancé plusieurs offensives contre l’école publique.

Les réformes ont provoqué une dégradation sans précédent de l’enseignement, et créé un profond mal-être chez les professeurs . Le 8 mars 2008, 100 000 enseignants (un sur trois) vêtus de noir en signe de deuil ont défilé dans les rues de Lisbonne. Ce fut le plus grand mouvement de protestation des enseignants qui ait jamais eu lieu au Portugal.

Cette manifestation a été le point culminant de semaines de lutte et de contestation nées au sein même des écoles contre les nouvelles modalités d’évaluation des enseignants, unanimement rejetées à cause de leur contenu irrationel et de leurs objectifs purement économiques. Ces modalités d’évaluation découlent du Statut de Carrière des enseignants, que le gouvernement a imposé contre la volonté des professeurs et qui a donné lieu a une énorme contestation.

Les centaines de rassemblements, manifestations, et “vigílias” qui ont précédé la mega-manifestation furent très souvent conduites par des groupes de professeurs qui s’étaient organisés à l’intérieur des établissements. Beaucoup de rendez-vous ont circulé anonymement par sms ou par internet. Ces mouvements de contestation de la base, nés en dehors des structures syndicales enseignantes, ont mis la pression sur les syndicats de professeurs.

Ce mécontentement est la réponse naturelle à des années de réformes économiques qui ont gravement mis en cause la qualité du travail enseignant, et qui ont contribué à la dégradation de l’école publique au Portugal. Ces réformes ont mené à la fermeture de nombreuses écoles , ont modifié la nature des programmes et ont réduit la participation des enseignants aux instances dirigeantes des établissements. L’enseignement spécialisé et l’enseignement artistique ont également subi de graves attaques, qui ont sérieusement mis à mal les principes de l’école pour tous (“inclusive”). Le plan qui est en marche vise au désengagement progressif de l’État du secteur éducatif pour le transférer aux municipalités et ouvrir ainsi la porte à une future privatisation de l’enseignement. Ce plan, qui a débuté par la remise aux collectivités locales de la gestion du parc scolaire, pour ensuite être éventuellement confiée a l’Eglise, menace maintenant d’être étendu aux travailleurs non-enseignants ainsi qu’aux professeurs eux- mêmes qui courent le risque de changer de ministère de tutelle et de perdre leurs droits . Un récent projet de loi ouvre la porte au passage des professeurs sous la dépendance des municipalités. (1)

Au Portugal le réseau public d’enseignement aurait perdu entre 16 et 23 000 enseignants ces trois dernières années.(2) Ces réductions ne sont pas causées par la diminution du nombre d’élèves, comme le gouvernement a voulu le faire croire, mais plutôt à la fermeture d’écoles et à l’augmentation des horaires de travail.

Le Plan de fermetures d’écoles mis en place dès l’entrée en fonctions du gouvernement Sócrates prévoyait de fermer environ 4000 écoles primaires jusqu’au terme de la législature en 2009 (3). Rien qu’au début de l’année scolaire 2006/2007, 1500 écoles ont été fermées, la fermeture de 900 écoles supplémentaires étant prévue pour l’année suivante. Ces fermetures touchent surtout les zones de l’intérieur nord et du centre du Portugal, déjà largement désertifiées et elles vont naturellement accentuer cette tendance. Les élèves des écoles primaires fermées sont aujourd’hui obligés de rester la journée entière loin de leur domicile et perdent de longues heures dans les transports. Le réseau de transports scolaires, dépendant des municipalités, fonctionne avec de graves déficiences. Des enfants très jeunes sont ainsi obligés d’utiliser les transports publics sans que la surveillance adéquate ne soit garantie, ce qui a déjà provoqué des morts.(4)

L’enseignement spécialisé (pour handicapés) est un autre secteur qui a subi des assauts qui ont mis en danger les principes de l’école « inclusive ». La disparition des Équipes de l’Éducation Spécialisée et de leurs coordinations régionales a laissé les enseignants du secteur isolés dans les écoles. Le gouvernement a imposé un plan de restructuration qui prévoit uniquement un soutien aux handicapés (déficients), laissant de côté des milliers d’élèves dyslexiques, hyperactifs et ayant des problèmes de comportement et d’apprentissage. Ceux-ci courent le risque de se perdre et d’être envoyés dans les “circuits alternatifs” perdant ainsi toute possibilité de progresser a l’intérieur du système éducatif.(5)(6)

L’enseignement artistique, qui était déjà le parent pauvre, n’a pas non plus été épargné par les réformes. À l’école primaire, il a même été retiré du programme obligatoire tout comme l’éducation physique. Ces activités sont maintenant inclues dans les “prolongement d’horaires” et laissées à des moniteurs sans qualification apropriée , engagés sous contract précaire et mal payés par les municipalités(7).

Le système éducatif Portugais se trouve donc dans une situation réellement préoccupante. Le profond mal-être causé par les réformes du gouvernement actuel et menées à bien par la ministre Maria de Lurdes Rodrigues lui font pleinement mériter son surnom de “ Sinistre Ministre”.

José António Antunes .

(1)http://www.fenprof.pt/ ?aba=27&cat=226&doc=3119&mid=115

(2)http://dn.sapo.pt/2007/09/02/sociedade/rede_publica_perde_mil_professores_d.html

(3)http://www.esec.pt/ae/Noticias/read.asp ?Id=777

(4)http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx ?id=1330558&idCanal=58

(5)http://www.educare.pt/educare/Detail.aspx ?contentid=DDFE97165F524553A8EF8742039E6821&channelid=1EE474ED3B3E054C8DCFD48A24FF0E1B&schemaid=1CD970AB0836334EB627B1FF128684C3&opsel=1

(6)http://www.saladosprofessores.com/index.php ?option=com_smf&Itemid=62&topic=12590.0&prev_next=next

(7)http://www.fenprof.pt/ ?aba=27&cat=282&doc=3112&mid=115

Blogues de interesse :

A Sinistra Ministra (com participação de companheiros libertários)

http://sinistraministra.blogspot.com/

Movimento dos Professores Revoltados

http://movimentoprofessoresrevoltados.blogspot.com/

Em defesa da Escola Pública http://www.movimentoescolapublica.blogspot.com/

domingo, 2 de novembro de 2008

Carga horária ilegal

A carga burocrática faz com que muitos professores trabalhem mais de 40 horas semanais. A FNE está a fazer um levantamento e diz-se inundada de queixas. Cerca de 100 já poderão seguir para tribunal.

É um dos principais ataques ao modelo de avaliação docente. A ligação é, aliás, indissociável para os professores. "A excessiva carga burocrática" e as "reuniões intermináveis", contempladas regularmente, na "componente de trabalho individual", obriga os docentes a prolongarem os seus horários para tempos "ilegais", queixam-se.

Há duas semanas, a Federação Nacional dos Sindicatos de Educação (FNE) lançou uma campanha para fazer o levantamento sobre a frequência desses "horários ilegais". O processo é simples, os professores preenchem um formulário que está disponível no endereço electrónico da FNE.

O sindicato esperava já poder revelar números mas as queixas são tantas "para o gabinete jurídico, secções de informação do sindicato e a delegados no terreno" que, para já, é impossível avançar com informação quantificada, justificou Lucinda Manuela.

O JN apurou, no entanto, que cerca de 100 denúncias estão a ser analisadas pelo gabinete jurídico da FNE e, destas, algumas poderão ser passíveis de seguir a via judicial. A Federação tentará "resolver caso a caso" e só depois avançará para tribunal.

As queixas não variam muito de professor para professor, garante Lucinda Manuela. O excessivo peso das "tarefas burocráticas" e as "reuniões intermináveis" obrigam os professores a cumprir mais de 40 horas de trabalho por semana. "E quando um funcionário trabalha horas extraordinárias recebe", insiste a dirigente.

É no artigo que regula a "componente de trabalho individual", do despacho nº19117/2208 (ler caixa), que está contemplado o tempo para a preparação de aulas, correcção de trabalhos ou testes, investigação e reuniões, "que deveriam ser ocasionais e não diárias", protestou a dirigente. É, precisamente, neste artigo que têm sido cometidos as principais "ilegalidades", considera, já que só os trâmites com a avaliação de desempenho obrigam a "reuniões intermináveis, por vezes, noite dentro".

"Deixem-nos ser professores", defende, argumentando que a falta de tempo para a preparação de aulas e acompanhamento dos alunos está a deixar os professores "desesperados" já no início do ano lectivo: Uns pedem antecipação da aposentação, outros estão à beira de um esgotamento, refere.

Algumas das queixas denunciadas pelos professores têm eco num parecer do Conselho Nacional de Educação, divulgado esta semana, recorde-se.

O órgão consultivo do Governo para a Educação considera que "há descontinuidades" entre os ciclos de ensino que deveriam ser "esbatidas". Nesse sentido alerta para "a instabilidade ao longo de um dia de trabalho escolar causado por horários inadequados aos ritmos de aprendizagem; práticas menos adequadas de atribuição de serviço aos preofessores e aos directores de turma ao longo da escolaridade; a quase inexistência de trabalho colaborativo entre professores; o número excessivo de turmas atribuído a uma grande parte dos professores, tornando inevitável a dispersão e muito difícil a responsabilização destes pelo acompanhamento dos alunos". A ministra da Educação vai ao Parlamento esclarecer a sua posição quanto às recomendações do parecer.

http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Nacional/Interior.aspx?content_id=1037315
Exmos Senhores
Presidente da Assembleia da República
Primeiro-Ministro
Ministra da Educação
Provedor de Justiça
Presidente da Comissão Parlamentar de Educação
Directora Regional de Educação do Norte
Presidente da Assembleia de Escola
Presidente do Conselho Pedagógico
Presidente do Conselho Executivo
Membros da Comissão de Avaliação
Coordenadores de Departamento


Os professores da Escola Secundária de S. Pedro, em Vila Real, abaixo assinados, considerando que o processo de Avaliação do Desempenho Docente instituído pelo Decreto Regulamentar nº 2/2008, de 10 de Janeiro, assenta num equívoco legislativo, sistematicamente contornado com decisões de legalidade que, no mínimo, suscitam dúvidas, vêm expor a V. Ex.as alguns aspectos que tornam, no seu entendimento, todo este processo arbitrário, injusto e inexequível na sua aplicação e, como tal, sem qualquer relevância para o desenvolvimento profissional dos docentes e, consequentemente, esvaído de qualquer contributo para a melhoria do ensino e da escola pública.

Os seus signatários são defensores de um modelo de avaliação que se norteie por efectivas preocupações de valorização profissional dos docentes, numa perspectiva formativa e não penalizadora, propiciadora de uma diferenciação pela positiva.
São de vária ordem os fundamentos que levam os signatários a solicitar a intervenção de quem de direito.

Questões de âmbito conceptual:

1) A valorização profissional não se restringe a um mero enunciado cumulativo e sumativo, conforme a intencionalidade preponderante deste modelo de avaliação.

2) Os critérios de avaliação estabelecidos no modelo expressam condicionalismos graves por imporem a aferição entre variáveis de todo fora da capacidade de intervenção do docente, como são os casos dos resultados escolares dos alunos e do abandono escolar, aspectos bem evidenciados nas Recomendações nº 2/CCAP/2008, de 7 de Julho, emanadas pelo Conselho Científico para a Avaliação de Professores, que, no seu ponto 4, se pronuncia, e passamos a citar “(…) De momento, não existem instrumentos de aferição para determinar com objectividade o progresso dos resultados escolares dos alunos, dada a multiplicidade e complexidade dos contextos em que as aprendizagens se fazem(…)”. Ainda no mesmo documento se pode ler: “(…) No contexto de complexidade do processo de aprendizagem, não é possível determinar e aferir com rigor até que ponto a acção de um determinado docente foi exclusivamente responsável pelos resultados obtidos, conforme a literatura científica consensualmente refere (…).” No ponto 4.6 deste mesmo documento, o Conselho Científico para a Avaliação de Professores refere, e citamos, “(…) No caso particular da aplicação do processo de avaliação de desempenho no ano escolar de 2008-2009, o progresso dos resultados escolares dos alunos não seja objecto de aferição quantitativa (…)”. Relativamente ao segundo aspecto, abandono escolar, deveria ser de todos, sobejamente, conhecido que as causas deste gravíssimo e dramático fenómeno são múltiplas e complexas, combinando-se de forma interdependente (Lee & Ip, 2003). Apraz-nos elencar as mais pertinentes: dependem da escola, do indivíduo e do contexto externo (Abbot, Hill, Catalano & Hawkins, 2000); do insucesso escolar, das reprovações, da indisciplina, do absentismo, das atitudes negativas em relação à escola (Almeida & Ramos, 1992); dos problemas sociais, das expectativas, do número de alunos por turma demasiado elevado, da falta de resposta às necessidades e preocupações dos alunos, das ofertas curriculares reduzidas por parte das escolas, dos alunos serem mais velhos que a maior parte dos colegas (Beekhoven & Dekkers, 2005); dos factores familiares, económicos, sociais e demográficos (Nowicki, Duke, Sisney & Tyler, 2004); e são múltiplas, internas e externas à instituição escolar (Benavente et. al., 1994). Conforme é referido por vários autores (e. g. Janosz, Le Blanc, Boulerice & Tremblay, 2000; Lee & Ip, 2003; Christenson & Thurlow, 2004; Nowicki, Duke, Sisney, Stricker & Tyler, 2004), a redução deste fenómeno apenas poderá ser perspectivada a partir de uma intervenção que abranja todos os sistemas em que o indivíduo está inserido, o seu sistema familiar, a escola e as políticas educativas ao nível nacional.

3) No âmbito das diferentes dimensões em que se desenvolve a profissão docente, o Conselho Científico para a Avaliação de Professores, no ponto 1.3 das Recomendações nº 2/CCAP/2008, de 7 de Julho, é inequívoco ao referir, e passamos a citar, “(…) Cada escola centre o seu esforço e atenção fundamentalmente sobre a dimensão do desenvolvimento do ensino e das aprendizagens, articulando-a com as restantes dimensões, de acordo com a própria situação particular e a dos respectivos avaliados (…).” o que, na realidade, não é respeitado neste modelo de avaliação ao dar enfoque a dimensões perfeitamente marginais ao desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem.

4) Os instrumentos de registo que integram o modelo de avaliação de desempenho docente não seguem os preceitos científicos necessários, com consequências negativas na indispensável robustez que os deveriam nortear. É sempre bom lembrar que este se refere a um instrumento “ad hoc”, ou seja, feito à medida, que pretende medir o desempenho e, por conseguinte, interferir na gestão do pessoal docente. Conforme se poderá entender facilmente, a sua formulação não deve, nem pode, resultar de um processo onde a superficialidade e a ligeireza vigorem. Exige-se, por conseguinte, que a elaboração destes instrumentos siga todos os procedimentos científicos e metodológicos que os regem, no sentido de reduzir ao máximo a subjectividade que os enformam e de isolar a interferência negativa que os fenómenos associados à observação e à avaliação encetam, nomeadamente, a reactividade, relativo ao avaliado, a expectância, relativo ao avaliador, bem como, o efeito de halo, o efeito da tendência central, o efeito da generosidade, o efeito da mediocridade e demais erros que o sistema parece induzir. Neste âmbito, a premissa que deve estar sempre presente é-nos referida por Anguera (1990), uma das melhores especialistas nesta temática, citamos, “jamais se poderá medir o que não se pode definir”, fim de citação.

5) Pelas consequências que emergem da aplicação deste modelo de avaliação, os instrumentos que o integram não se encontram devidamente testados, ou seja, nada se sabe sobre a sua fiabilidade, validade e objectividade, requisitos estes elementares na garantia do controlo e consistência dos dados que se irão registar. Sobre este assunto, o Conselho Científico para a Avaliação de Professores, nas suas Recomendações nº 2/CCAP/2008, de 7 de Julho CCAP, ponto 4, refere mesmo que, e citamos, “(…) A produção de instrumentos de aferição fiáveis e de reconhecida credibilidade científica é uma tarefa complexa e morosa, a desenvolver por instâncias competentes e alheias ao processo de avaliação de desempenho (…)”, fim de citação.

6) No que se refere aos avaliadores, reconhece-se hoje que as competências evidenciadas por muitos docentes no domínio da supervisão pedagógica e da avaliação de desempenho não são linearmente transferíveis para o sistema de avaliação inter-pares. Conforme refere o Conselho Científico para a Avaliação de Professores, a formação dos avaliadores e avaliados deve ser obrigatória e objecto de uma rigorosa acreditação se pretendermos perseguir a desejada credibilidade científica e pedagógica.

Questões de âmbito legal:

1) O artº 6º, ponto 2, do Decreto Regulamentar nº 2/2008, de 10 de Janeiro, não é respeitado ao não serem tomadas em consideração as recomendações formuladas pelo Conselho Científico para a Avaliação de Professores (Recomendações nº 2/CCAP/2008, de 7 de Julho).

2) A imprecisão expressa no artº 8º, ponto 1, alínea b), do Decreto Regulamentar nº 2/2008, de 10 de Janeiro, no que ao contexto socioeconómico se reporta.

3) O carácter, extremamente, subjectivo inerente à definição dos objectivos individuais conforme o estipulado no artº 9º, ponto 2, alínea e), do Decreto Regulamentar nº 2/2008, de 10 de Janeiro (relação com a comunidade).

4) A avaliação efectuada pelo coordenador de departamento curricular estar imbuída de grande subjectividade nos moldes em que a mesma é considerada no artº 17º, ponto 1, alínea c), do Decreto Regulamentar nº 2/2008, de 10 de Janeiro (ponderação do envolvimento e relação pedagógica com os alunos).

5) A obrigatoriedade de definição de objectivos individuais capturados por condicionalismos que escapam ao controlo do docente conforme o expresso no artº 9º, ponto 2, alíneas a) e b), do Decreto Regulamentar nº 2/2008, de 10 de Janeiro (resultados escolares e abandono escolar dos alunos).

6) O pressuposto de um carácter igualitário em todos os alunos/turmas ao extrapolar médias de uma disciplina para as demais médias do ano de escolaridade e das outras disciplinas curriculares (artº 16º, ponto 5, alínea b), do Decreto Regulamentar nº 2/2008, de 10 de Janeiro).

7) A desigualdade promovida ao serem contemplados, e comparados, os resultados escolares dos alunos com as provas de avaliação externa (artº 16º, ponto 5, alínea c), do Decreto Regulamentar nº 2/2008, de 10 de Janeiro), agravada pelo facto de se estarem a comparar procedimentos distintos no processo de avaliação.

8) A arbitrariedade que o artº 21º, ponto 4, do Decreto Regulamentar nº 2/2008, de 10 de Janeiro, gera (fixação de percentagens máximas para a atribuição das classificações de Muito Bom e Excelente) ao originar uma lotaria em função da escola onde se lecciona.

9) O limitar de um direito através do artº 21º, ponto 5, do Decreto Regulamentar nº 2/2008, de 10 de Janeiro, exigindo 100% de cumprimento do serviço lectivo para a menção qualitativa de Excelente.


10) O não cumprimento do artº 29º, alínea b), do Decreto Regulamentar nº 2/2008, de 10 de Janeiro, cria desigualdades num processo que se pretende igualitário (avaliação do coordenador de departamento por um inspector com formação científica na área do departamento do avaliado).


11) A injustiça e arbitrariedade de um concurso que atribuiu, de um modo casuístico, as “competências” de avaliador.


12) A legalidade da imposição de uma “derrapagem orçamental” determinando, com carácter de retroactividade, uma alteração ao decreto que regulamenta a avaliação dos professores, dispensando as escolas da obrigatoriedade de publicar a delegação de competências em Diário da República, através da aplicação dos efeitos legais de uma proposta de lei orçamental ainda não aprovada e que só entrará em vigor em Janeiro de 2009.


13) A base de sustentação legal para a criação de uma “central de dados” on-line como a agora anunciada aplicação informática, e já parcelarmente posta em prática, sem qualquer sustentação no articulado legal que consubstancia o Decreto Regulamentar nº 2/2008, de 10 de Janeiro, além de constituir uma violação grosseira do carácter particular que enforma a negociação dos objectivos individuais entre avaliador e avaliado.



Questões de âmbito pragmático:

1) Não está cientificamente fundamentado que se possa aferir, de um modo linear, uma relação entre avaliação diagnóstica, na sua verdadeira concepção, e os progressos escolares dos alunos.


2) Em várias disciplinas, o desenvolvimento das aprendizagens não assume um cariz linear e cumulativo, pelo que carece de fundamentação válida a hipotética aceitação da avaliação diagnóstica como um referencial a ser considerado no progresso dos resultados escolares dos alunos.


3) Como se processa o enquadramento da avaliação diagnóstica, como hipotético indicador de progressão, nas situações em que há mudança de ciclo de ensino e, especialmente, em disciplinas que nunca fizeram parte do currículo dos alunos?


4) A preocupação primeira inerente ao brio de todo o profissional é ter sucesso na sua actividade pelo que quantificar percentualmente, e à partida, o sucesso da sua actividade, e nos moldes em que o mesmo é proposto, expressa uma incoerência no objectivo primeiro da função docente.


5) A desigualdade originária de avaliadores com formação académica e científica distinta dos avaliados.


6) A injustiça resultante de avaliadores que apenas o são por condicionalismos casuísticos.


7) A aberração evidenciada em avaliadores com percursos académicos, científicos e profissionais, reconhecidamente, inferiores aos dos avaliados.


8) O carácter, extremamente subjectivo, de diferentes parâmetros de avaliação.


9) A formação inconsequente proporcionada aos avaliadores e, alguma dela, já com o processo a iniciar-se.


10) O desconhecimento da especificação dos descritores de vários itens (há 9? Há 7? A que corresponde o 9? E o 7? O que define o nível Bom? E o nível Regular? E o nível Muito Bom?).


11) Qual a exequibilidade de uma avaliação eficaz, num universo de 120/130 docentes, em grelhas com 85 descritores? Existem bases de dados concebidas, instrumentos de registo e dispositivos de controlo da informação que garantam rigor e objectividade aos processos de recolha, tratamento, organização, comparação e avaliação criteriosa desse caudal gigantesco de informação? Se existem, temos o direito de conhecê-los. Se não existem, o processo de avaliação está minado de amadorismo, subjectividade e injustiças relativas e absolutas.


12) Como se pode equacionar uma comparação entre as médias dos 1º e 3º períodos se as mesmas são reflexo de procedimentos assentes em critérios “limitativos” para o 1º, e definidos pelo Conselho Pedagógico, e critérios totalmente “abertos” para o 3º?


13) Será que a utilização dos resultados escolares e a análise da sua evolução para efeito da avaliação do desempenho se deve cingir a uma mera leitura estatística dos mesmos?


14) Que justiça existe num processo de avaliação que se pretende igualitário quando há tanta disparidade de actuação a nível das diferentes escolas?


15) Que igualdade se consegue vislumbrar num processo de avaliação em que as fichas de avaliação em que o mesmo assenta não têm uma aplicabilidade igualitária bastando que, para tal, nem todos os avaliados desempenhem cargos pedagógicos?


16) Num sistema educativo em que o docente é apenas um dos seus agentes que tem orientações definidas superiormente (programas, competências, currículos), qual a fundamentação científica que o responsabiliza, única e exclusivamente, pelo sucesso/insucesso desse mesmo sistema?


17) Qual a base científica em que assenta a ideia de que a melhoria dos resultados e a qualidade do ensino são directamente proporcionais à carga burocrática e extracurricular com que os docentes se vêem actualmente confrontados?


Assim, os signatários deste documento solicitam a V. Ex.as se dignem providenciar no sentido de que todas as arbitrariedades, injustiças, limitações, dúvidas e perplexidades aqui patenteadas, enquanto estruturantes e/ou originadas pela implementação deste processo de avaliação do desempenho docente, e que estão a ter repercussões negativas no desenvolvimento do que é a essência das funções de um professor, sejam definitivamente corrigidas, pelo que, até lá, se escusam a apresentar a sua definição de objectivos.

Os docentes abaixo assinados, conhecedores e admiradores do elevado sentido de justiça e do alto grau de exigência racional e de ética que Sua Ex.a o Senhor Provedor de Justiça costuma emprestar às Suas análises e às Suas decisões, solicitam, ainda, e de um modo muito particular, a Vossa Excia que se possa pronunciar relativamente ao conjunto de injustiças e de atropelos ao bom senso e, mesmo, à legalidade de que as medidas legislativas emanadas pelo Ministério da Educação, e aqui denunciadas, certamente, padecem.


Vila Real e Escola Secundária de S. Pedro, 28 de Outubro de 2008

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

PROmova

Olá colegas,

Nesta fase da contestação às políticas do ME e atendendo aos constrangimentos criados pela convocação de duas manifestações de professores (8 e 15 de Novembro), O Movimento PROmova partiu para o processo negocial com a Fenprof e os outros Movimentos com o lema “Unidos, ganhamos todos; divididos, perdemos todos”. A partir deste espírito, foi possível concertar posições à volta de um conjunto de princípios prioritários e indeclináveis para os professores, além de estruturantes da “genética” do PROmova, especificamente, a exigência de suspensão imediata deste modelo de avaliação do desempenho e a rejeição da divisão arbitrária e injusta da carreira que, entre outras injustiças, desacredita todo o processo de avaliação do desempenho. Como estes postulados se encontram salvaguardados no comunicado conjunto, não hesitamos em contribuir para a unidade dos professores, associando-nos à ideia de uma manifestação única de sindicatos e movimentos.

Neste sentido, apelamos a todos os educadores e professores portugueses para rumarem a Lisboa, no dia 8 de Novembro, dando um sinal inequívoco da sua força reivindicativa. Uns irão pelos seus sindicatos, outros irão pelos movimentos com que se identificam e outros irão por si próprios. Mas é importante que vamos todos!

Para nós, mantém-se o apelo que lançámos “Uma escola, um autocarro”, pelo que os professores que abriram, nas escolas, inscrições para o dia 15, devem manter essa iniciativa, transferindo-a para o dia 8, e apresentarem-se, em Lisboa, em nome da sua escola.
Encontramo-nos todos, em Lisboa, no dia 8 de Novembro.

Aquele abraço

Para quem disse que era para Setembro...

Cerca de 100 já aceitaram
Ministra "sem pressa" para transferir competências de escolas para as autarquias
31.10.2008 - 15h47 Lusa
A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, disse hoje que o Governo não tem pressa na transferência de competências das escolas para as autarquias e andará ao ritmo que estas queiram, com os recursos disponíveis.

Segundo a ministra, "uma centena de autarquias já assinou a contratualização da transferência de competências e muitas outras querem fazê-lo agora" e o Ministério da Educação "andará ao ritmo que as autarquias queiram andar, com a tranquilidade e a pressa que o país tiver".

"A disponibilidade para negociar tem na base a consciência de que estamos a partilhar problemas e o Ministério transfere os meios de que dispõe: nem mais, nem menos", advertiu, tomando como referência os recursos afectos pelo Orçamento do Estado para as escolas, nos últimos cinco anos.

A ministra, que falava no 2º Encontro de Educação de Anadia, este ano dedicado ao tema da transferência de competências, lamentou a postura assumida na matéria pela Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), que "propôs uma metodologia diferente, tendo um padrão de despesa ideal com a transferência de recursos que o Ministério da Educação não tem".

"Não vale a pena. Se estivermos à espera da situação ideal, a transferência (de competências) nunca acontece!", comentou, afirmando estar ciente "da grande diversidade de situações", dado que se há autarquias que "reivindicam a transferência de toda a área da Educação, outras rejeitam o princípio de que a Educação possa ser de competência local".

Principal aumento nas cidades

Em causa está sobretudo a transferência de 900 escolas básicas 2.3 para os municípios, cujo impacto a ministra desvaloriza, comparando com as 6000 escolas do 1º ciclo que as autarquias já gerem. "Só nas grandes cidades é que é um grande aumento, porque na generalidade é só mais uma ou duas escolas que ficam a cargo da autarquia, em cuja manutenção muitos autarcas, de resto, já vinham colaborando", argumentou.

Afirmando que "o Ministério da Educação transfere meios que nunca teve", Maria de Lurdes Rodrigues referiu que 20 milhões de euros, "quase metade do PIDDAC do Ministério", foram para as escolas cuidarem da manutenção, responsabilizando os estabelecimentos de ensino pela conservação e preparando condições para as autarquias aderirem. Quanto a escolas "irrecuperáveis", anunciou que está a decorrer o concurso para a substituição de 30 escolas básicas em adiantado estado de degradação.

Num extenso diagnóstico do parque escolar, em que historiou a sua construção desde os liceus e escolas técnicas do início do século XX e do programa dos centenários nas primárias, Maria de Lurdes Rodrigues aludiu também ao 1º ciclo e às escolas secundárias. Quanto ao primeiro, deixou como recado aos autarcas que "não vale a pena dizer que o envelope financeiro (das verbas disponibilizadas pelo QREN) é pouco, antes de o gastar e o mais importante é concretizar", deixando a garantia de que "não ficará nenhum centro escolar necessário por construir devido a problemas financeiros".

Em relação às secundárias, salientou que o Ministério da Educação definiu um programa para as modernizar, que as abrangerá todas, ao abrigo do qual quatro estão concluídas, 26 em obra, 75 com projectos que serão objecto de concurso em Novembro, e outras tantas a lançar em Março próximo.

COMUNICADO FENPROF-MOVIMENTOS

A Federação Nacional dos Professores, FENPROF, representada por alguns elementos do seu Secretariado Nacional, e 3 Movimentos de Professores (APEDE, MUP e Promova), representados por alguns professores mandatados para o efeito, reuniram na noite do dia 29 de Outubro de 2008, em Lisboa, com o objectivo de trocarem impressões sobre a situação que se vive hoje nas escolas portuguesas, as movimentações de professores que resultam da necessidade de enfrentar a ofensiva sobre a escola pública (e os professores em concreto) que este Governo continua a desenvolver e, concretamente – conforme constava da iniciativa que estes 3 Movimentos tomaram ao solicitar este encontro à FENPROF - , serem explicitados os motivos que levaram à convocatória de uma iniciativa pública de professores marcada para o próximo dia 15 de Novembro.
Em relação à análise da situação hoje vivida nas escolas portuguesas, às causas e objectivos dos grandes factores de constrangimento a uma actividade lectiva encarada e desenvolvida com normalidade, e à ideia de ser imprescindível pôr cobro de imediato aos principais eixos da política educativa levada a cabo por este Governo, verificou-se uma grande convergência de opiniões entre todos os presentes, nomeadamente quanto:
à mensagem que é necessário transmitir, para todos os sectores da sociedade civil, de que a luta actual dos professores não é movida por meros interesses corporativos, já que reflecte antes uma profunda preocupação com o futuro da escola pública e com as condições indispensáveis a uma dignificação da profissão docente enquanto factor indispensável a um ensino de qualidade
ao repúdio, veemente e inequívoco, deste modelo de avaliação do desempenho docente, à necessidade de incentivar e apoiar todas as movimentações de escola que conduzam à suspensão imediata da sua aplicação e à urgente perspectiva de se abrirem negociações sobre outras soluções alternativas, que traduzam um novo modelo de avaliação, tanto mais que sucessivos incumprimentos do ME do memorando de entendimento que foi forçado a assinar no ano lectivo anterior com a Plataforma de Sindicatos praticamente o esvaziam de conteúdo e a delirante investida na alteração da legislação sobre concursos mais não faz do que confirmar
à recusa dos princípios fundamentais em que assenta o Estatuto de Carreira Docente imposto pelo ME aos professores, nomeadamente a criação de duas carreiras, a hierarquização aí estabelecida e os constrangimentos ao acesso e à progressão na carreira, apontando-se também a divisão arbitrária e injusta da carreira como um factor que condiciona e desacredita as soluções ao nível de avaliação do desempenho docente e não só, pelo que urge a abertura de processos negociais tendentes à sua profunda revisão
à rejeição de um modelo de gestão e administração escolares que visa, essencialmente, o regresso ao poder centralizado de uma figura que foge ao controlo democrático dos estabelecimentos de ensino e se assume unicamente como representante da administração educativa nas escolas.
Por último, os representes das estruturas, assim reunidos, reafirmam a sua intenção de tudo fazerem no sentido da convergência das lutas, para incrementar e reforçar a unidade entre todos os professores e em defesa da Escola Pública.
Lisboa, 30 de Outubro de 2008
FENPROF
APEDE
MUP
PROmova

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

O ENSINO está à beira do ABISMO

COMUNICADO DA APEDE

REUNIÃO DOS MOVIMENTOS DE PROFESSORES COM A FENPROF A APEDE, o MUP e o PROmova reuniram-se nesta quarta-feira com membros do secretariado nacional da FENPROF. O diálogo decorreu num clima de franqueza e de abertura. Desse encontro saiu um comunicado conjunto que será, em breve, divulgado. Foi também criado um compromisso no sentido de se abrir a possibilidade de uma única manifestação em Novembro.

Querem... já não querem ... decidam-se sem atirar a moeda ao ar!

Será preciso dizer mais?


Secretário de Estado de acordo com alternativas a chumbos


Ontem às 15:03

O secretário de Estado da Educação concorda com a existência de alternativas aos chumbos de alunos até aos 12 anos, mas recusou o fim das repetições de ano. À TSF, Valter Lemos explicou que têm de existir «mecanismos de alternativa» para os que têm mais dificuldades.

O secretário de Estado da Educação concorda com a recomendação do Conselho Nacional da Educação no sentido de arranjar alternativas aos chumbos de alunos até aos 12 anos, mas recusou o fim das repetições de ano por decreto.
«Não está escrito nas estrelas que os miúdos têm de forçosamente não aprender e repetir. O que deve estar escrito é que devem aprender», explicou Valter Lemos.
À TSF, este governante frisou ainda que devem sim existir «mecanismos de alternativa e de apoio de recuperação para eventualmente para os que aprendem mais devagar e que têm mais dificuldades para permitir que consigam aprender».
Para este secretário de Estado, a premissa correcta é que os «alunos têm de atingir os objectivos», algo que o Governo acredita poder atingir com a sua estratégia para a Educação.
A sugestão do Conselho Nacional de Educação mereceu também o aval de Albino Almeida, da Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP).
«Tem de acontecer em Portugal o que acontece nos outros países da Europa. Os alunos têm de saber que têm de atingir mínimos. Temos de ter bolsas de professores nas escolas, importantes para acompanhar os alunos com dificuldades», considerou.
Albino Almeida acrescentou que, «um aluno que tem resultados negativos deve ter mais aulas, mais trabalho na escola, esta deve organizar-se para lhe dar mais trabalho, no sentido do aluno trabalhar mais com um determinado professor ou uma dada actividade».
«Quanto mais depressa começarmos a trabalhar nessa lógica junto dos alunos de todas as classes sociais, mais depressa o país alcançará um patamar diferente de formação e qualificação dos seus recursos», concluiu.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Movimentos independentes querem denúncia de memorando entre Plataforma e Governo

29 de Outubro de 2008, 16:16

Lisboa, 29 Out (Lusa) - Os movimentos independentes de professores consideram "essencial" a denúncia do memorando de entendimento estabelecido entre a Plataforma Sindical e o Ministério da Educação, para uma eventual aproximação aos sindicatos do sector.

O Movimento Mobilização e Unidade dos Professores (MUP), a Associação de Professores em Defesa do Ensino e o PROmova, que hoje vão ter um encontro com dirigentes da Fenprof (Federação Nacional de Professores), defendem que "não chega pedir a suspensão do modelo de avaliação" dos docentes, como a Plataforma Sindical fez na sexta-feira passada.

O memorando de entendimento, firmado a 17 de Abril, previa a limitação de critérios do modelo de avaliação neste ano lectivo, para além de outras matérias, como a criação de um escalão no topo da carreira docente ou a definição de um crédito de horas destinado à concretização da avaliação.

Para os movimentos independentes, é fundamental que os sindicatos percebam que "o memorando de entendimento é unanimemente repudiado pela generalidade dos professores", como afirmou Mário Machaqueiro, coordenador da Associação de Professores em Defesa do Ensino, em declarações à agência Lusa.

Ilídio Trindade, do MUP, concorda, sublinhando que "não basta a Plataforma dizer que 'rasga' este acordo, é preciso que tome uma atitude", tal como Octávio Gonçalves, da PROmova, ao afirmar que, para a reunião de hoje à noite, "está tudo em aberto, com uma condição essencial: a denúncia pública do memorando de entendimento".

Os três movimentos manifestam disponibilidade para uma "aproximação" às estruturas sindicais, sublinhando que a luta que promovem "não é anti-sindical", mas contra as políticas educativas do Governo.

No entanto, Ilídio Trindade vai mais longe e aponta a necessidade de as estruturas sindicais "tomarem consciência de que toda a movimentação de professores surgiu por inépcia dos sindicatos e da forma frouxa como têm negociado com este ministério".

Quanto às manifestações - uma marcada para 15 de Novembro pelos movimentos e outra para 08 de Novembro convocada pelos sindicatos -, preferiam a "união", mas não entendem como um "drama" a realização de ambas.

"Na união ganhamos todos e na divisão perdemos todos", afirma o coordenador da PROmova, Octávio Gonçalves.

"Estamos na disposição de criar condições para que se faça apenas uma manifestação, que demonstre o sentimento generalizado dos professores, mas não há drama, se se fizerem duas. Até podem ser duas oportunidades para os professores fazerem ouvir o seu descontentamento", considerou Mário Machaqueiro.

Os três movimentos mostraram-se ainda descontentes com a forma como a Fenprof tem tentado "desvalorizar o encontro de hoje", ao afimar que a informação sobre uma "reunião não é rigorosa", mas, ainda assim, manifestam-se empenhados.

Num comunicado emitido pela Fenprof no final da reunião do secretariado, na terça-feira à noite, a estrutura liderada por Mário Nogueira afirma que "tem corrido a blogosfera e tem-se propagado por correio electrónico a informação de que a Fenprof iria realizar uma reunião com representantes de três movimentos de professores. Esta informação não é rigorosa".

De acordo com o comunicado, "foi solicitada, apenas, a possibilidade de representantes de movimentos exporem os motivos dos seus recentes posicionamentos em relação à situação na Educação".

TD.

Lusa/fim

domingo, 26 de outubro de 2008

A CULPA É TODA SUA, SRª MINISTRA!

"AS ESCOLAS PORTUGUESAS ESTÃO UM VERDADEIRO CAOS!!!!

Depois de ouvir hoje o que disse a Srª Ministra, depois de ler os desabafos de muitos colegas nossos, na minha Escola, na blogosfera, invadiu-me uma raiva que não consigo mais conter e gostaria de a gritar ao Mundo.

Dizia a Srª Ministra, com o seu ar sereno, que "o processo de avaliação de desempenho dos professores está a avançar de "forma normal e com grande sentido de responsabilidade" na maioria das escolas." e eu pergunto Srª Ministra:

- Quem tenta enganar? Os Professores? Os Pais dos alunos? A opinião pública? A Comunicação social? Quem? A si própria? O seu governo?

Na maioria das Escolas, Srª Ministra, a situação é esta:

- Os Professores estão cansados, desmotivados, não aguentam tanto trabalho para nada. Reuniões, grelhas, objectivos, mais reuniões, relatório, mais reuniões... e continua assim, semana atrás de semana. Resultado:

Os Professores não têm tempo para aquilo que gostam de fazer: ENSINAR!!!

A CULPA É TODA SUA, SRª MINISTRA!

Na maioria das escolas, muitos Professores que até agora eram empenhados na preparação das suas aulas, limitam-se a fazer o mais fácil, não têm tempo para pesquisa, para partilhar com os alunos. Os alunos não aprendem!

A CULPA É TODA SUA, SRª MINISTRA!

Na maioria das Escolas muitos Professores que tinham ainda TANTO para dar à Escola, eram o pilar da Escola, uma referência para os mais novos, estão a abandonar, vão para a APOSENTAÇÃO, mesmo com penalizações graves! É fácil perceber: por cada três que saem, entram apenas dois, com vencimentos muito mais baixos. O factor economicista sempre à frente!

Não lhe passa pela cabeça, Srª Ministra, o potencial humano que as Escolas estão a perder e os efeitos de tal fuga!

A CULPA É TODA SUA, SRª MINISTRA!

Na maioria das Escolas, há Professores de baixa médica, Professores esgotados que não aguentam mais esta loucura, que metem atestados e então vem outro professor substituir ou não vem… não faz mal! os alunos terão a farsa das aulas de substituição e, em vez de terem Português ou Matemática, têm aula com um Professor de Ed. Física ou Geografia… tanto faz, o que interessa é ter tudo ocupadinho, Professores e Alunos. Srª Ministra, são muitas aulas em que os alunos não têm aulas com o SEU professor, porque este está doente, em que a matéria não é leccionada.

A CULPA É TODA SUA, SRª MINISTRA!

Na maioria das Escolas, os Professores andam às voltas com o novo Estatuto do Aluno. A Srª Ministra mandou cá para fora um documento em que obriga os alunos que faltam a fazerem uma prova de recuperação mesmo que faltem porque não lhes apetece, um documento que não prevê distinção entre os alunos que faltam porque estão doentes e aqueles que ficaram a dormir até mais tarde. Os Professores têm que fazer a prova! Fazer a prova, prepará-la, corrigi-la, plano de recuperação…quantas horas implica tudo isto, Srª Ministra? Solução fácil! Esqueçamo-nos de marcar faltas! Se isto é para ser a brincar, nós fazemos-lhe a vontade.

A CULPA É TODA SUA, SRª MINISTRA!

Os Professores que até ao ano lectivo anterior eram uma classe que partilhava, onde não se sentia, regra geral, a competição, deixaram de confiar uns nos outros, vivem em função da avaliação de desempenho, num verdadeiro egoísmo. Desconfiam do colega que o vai avaliar, querem apanhar as quotas dos Excelentes ou Muito Bom. O mau estar nas Escolas é geral, um clima de desconfiança instalou-se!

A CULPA É TODA SUA, SRª MINISTRA!

E dirá a Srª Ministra: "Os Professores não querem ser avaliados". Engana-se Srª Ministra "Os Professores querem ser avaliados!!!! Sempre foram, tal como Vossa Excelência é e será avaliada (talvez não precise de tanta grelha, mas será!!). Os Professores fazem um trabalho público! São avaliados diariamente. QUEREM UMA AVALIAÇÃO SÉRIA e não um faz-de-conta.

Mas acha, Srª MINISTRA, que é avaliar seriamente um Professor, quando:

1 – Um colega (que pode ter menos habilitações e não é da área disciplinar) vai assistir a TRÊS aulas em 150 aulas que um Professor dá à turma? É tão fácil BRILHAR em três aulas, mesmo que nas outras 147 não se faça nada! Os Professores já tiveram aulas assistidas nos estágios…. Sabem fazê-lo. Não têm medo disso, Srª Ministra!!! Isto é avaliação séria, Srª Ministra?

2 – Um colega Coordenador de Departamento é de Francês/Inglês (excelente profissional na sua área, mas como viveu muitos anos em França, tem dificuldades na língua Portuguesa) vai avaliar um colega de Estudos Portugueses que, por não ter tido tantos cargos como o primeiro, não é TITULAR e por isso vai ser avaliado nas suas aulas de Português (com 30 anos de serviço) pelo primeiro. Isto é avaliação séria, Srª Ministra?

3 – Um colega de Educação Tecnológica, com uma licenciatura da Universidade Aberta obtida há alguns anos, vai avaliar colegas de MATEMÁTICA do seu Departamento (Ciências Exactas), alguns já com o Mestrado na área (Repito: os colegas são excelentes profissionais, mas não PODEM SER avaliadores de quem tem mais ou diferentes habilitações do que eles. Eles não têm culpa e muitos desejavam não representar tal papel). Isto é avaliação séria, Srª Ministra?

4 – Um dos elementos da avaliação dos alunos é a progressão dos resultados escolares dos seus alunos. Srª Ministra, é tão fácil falsear a progressão dos resultados escolares dos alunos…se NÃO formos sérios e quisermos contribuir apenas para o sucesso estatístico. Acha que os Professores, sabendo que estes dados contam para a sua avaliação, vão dar classificações baixas? Isto é avaliação séria, Srª Ministra?

5 – E o dito portefólio ou "dossier pedagógico" ser outro factor na avaliação?! É tão fácil, hoje em dia, enchê-lo com materiais LINDOS, pedagógicos….mesmo que os alunos nem os tenham visto, mesmo que estes materiais não sejam nossos. Isto é avaliação séria, Srª Ministra?

E finalmente, uma das aberrações do 2/2008

6 – O Presidente do Conselho Executivo, e simultaneamente Presidente do Conselho Pedagógico, não precisa ser TITULAR! Como explica isto Srª Ministra? A senhora Ministra criou esta distinção entre TITULARES e PROFESSOR! Então os Professores TITULARES não seriam aqueles que iriam desempenhar as funções de maior responsabilidade nas Escolas, um grupo altamente qualificado? Ou será que o Presidente do CE e do CP não é um cargo de responsabilidade? Como justifica que não seja necessário o título de TITULAR, se para outros cargos de menor importância, como Coordenador de Departamento ou de Directores de turma tal cargo é exigido? EXPLIQUE Srª Ministra! E quando este mesmo Presidente do Conselho Executivo tem apenas o equivalente ao antigo 7º ano (ou seja, é bacharel, depois de uma formação à distância de alguns meses)? Há TANTOS nas nossas escolas! Vai avaliar colegas com mestrados e licenciaturas? É ele que vai avaliar TODOS os colegas da Escola. Muitas vezes, para além de ter habilitação muito inferior aos avaliados, há anos que não lecciona! Isto é avaliação séria, Srª Ministra?

7 – Claro que há Professores, como há médicos, como há advogados, como há MINISTROS menos competentes. Mas acha que é assim que a situação vai melhorar? Quem não é tão bom profissional, vai continuar a não sê-lo e os bons agora também não têm tempo para o ser. Por que razão não se ajuda com avaliação formativa aqueles que têm mais dificuldades, sem o intuito de os penalizar? Acha que é justo um avaliador faltar às aulas das suas turmas (12avaliadosx3 aulas de 90mn= é só fazer as contas) para ir avaliar colegas? E os alunos ficam entregues a outros Professores que podem não ser seus? Então primeiro a avaliação dos Professores e depois a dos alunos?

Isto é avaliação séria, Srª Ministra?

Srª Ministra:

- Sou uma professora que, tal como milhares neste país (a senhora viu quantos no 8 de Março, mas fez que não viu!), dediquei toda a minha vida ao Ensino. Dei sempre o meu melhor, trabalhei com gosto para os meus alunos, férias, fins-de-semana, noites; gosto de ensinar mas sinto-me REVOLTADA por a srª Ministra nos ter tirado (ou querer tirar) esse grande prazer: ENSINAR!

- Sou uma Professora que, tal como milhares neste país, poderia ir agora para a reforma, mesmo com penalizações, mas VOU RESISTIR, não vou deixar que me obriguem a abandonar com mágoa, os meus alunos, a minha Escola!

- Sou uma Professora que confio no bom senso e tenho esperança que ainda vá a horas de não deixar a degradação atingir, ainda mais as nossas escolas.

- Srª Ministra oiça gente que sabe, (muita gente) dizer que é um crime o que se está a passar nas escolas portuguesas. Medina Carreira disse há poucos dias que se os pais tivessem a verdadeira percepção do que se está a passar na Escola em Portugal, viriam para a rua. Ele sabe do que fala.

- Srª Ministra OIÇA os Professores. Eles estão nas Escolas, no terreno. Mais do que ninguém, eles estão a dizer-lhe que assim NÃO teremos sucesso educativo. Assim, o sucesso será apenas ESTATÍSTICO e ECONÓMICO!

OS PROFESSORES (na sua maioria) SÃO SÉRIOS! QUEREM ENSINAR E QUEREM QUE OS SEUS ALUNOS APRENDAM! CONFIE NELES! OIÇA-NOS SRª MINISTRA!

E para terminar, um poema de Alberto Caeiro que encontrei hoje no blog Terrear e uma frase de JMA.

Des (aprender)

Procuro despir-me do que aprendi
Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram,
E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos,
Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras,
Desembrulhar-me e ser eu...

"A grande e inadiável urgência de desaprender. De ver. Mesmo que isso nos custe. Porque a alternativa só pode ser a cegueira" JMA in blog Terrear

P.S. Peço desculpa a quem me ler, pela agressividade de algumas expressões, mas tenho de soltar este grito de REVOLTA! Aos puristas linguísticos, também, mas a intenção não foi fazer prosa. Imaginei a Srª Ministra à minha frente e pus no papel aquilo que gostaria de lhe dizer.

Peço desculpa também por não me identificar (por enquanto). Não o costumo fazer, mas as razões são óbvias!

UM ENORME BEM-HAJA A TODOS OS PROFESSORES!"

Recebido por e-mail

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

REUNIÃO DA APEDE COM A FENPROF

REUNIÃO DA APEDE
E DE OUTROS MOVIMENTOS
COM A FENPROF



Por iniciativa da APEDE, que deu o primeiro passo no sentido de se criar condições para um diálogo entre os movimentos independentes de professores e as organizações sindicais, esta associação, o MUP e outros movimentos que se queiram juntar irão reunir com a direcção da FENPROF no próximo dia 29 de Outubro. Nessa reunião serão apresentadas as razões que nos levaram a convocar a manifestação do dia 15 de Novembro. Aproveitaremos também para discutir os pontos de divergência, mas também os de convergência, que actualmente definem a nossa posição relativamente às direcções sindicais. É nossa intenção apelar a que estas direcções rompam com o acordo assinado entre os sindicatos e o Ministério da Educação, a fim de que possa ser viabilizado um conjunto de exigências que ocupam hoje o centro do combate travado pelos professores:
· Suspensão integral, para o ano lectivo de 2008/2009, do Decreto Regulamentar n.º 2/2008, de 10 de Janeiro, e readopção temporária do modelo de avaliação anterior, consignado no Decreto Regulamentar n.º 11/98, de 15 de Maio, com todos os seus efeitos em termos da celebração e renovação de contratos e de progressão na carreira.
· Abertura imediata de negociações com o objectivo de criar um modelo de avaliação do desempenho que não esteja orientado para a formatação uniformizadora da actividade docente, para a perseguição da diferença, para a punição e para o controlo burocratizado, mas que seja formativo, responsabilizador da comunidade educativa no seu conjunto e efectivamente valorizador do trabalho realizado pelos professores.
· Abertura imediata de negociações com vista à revisão do Decreto-Lei n.º 15/2007 de 19 de Janeiro, que define o actual Estatuto da Carreira Docente, de modo a construir um novo ECD consentâneo com a dignificação da profissão de professor e com o reconhecimento da sua centralidade na sociedade portuguesa, e que reponha a equidade através da reinstauração de uma carreira única.
· Revogação do novo modelo de administração escolar de modo a reintroduzir nas escolas um modelo de gestão colegial e democrática e a afastar dos estabelecimentos de ensino todas as tentações de poder discricionário.
· Revisão da distribuição da carga horária, de modo a que a componente não lectiva deixe de absorver actividades que são efectivamente do foro da leccionação e abra espaço para que os professores se dediquem plenamente, na sua componente individual de trabalho, a preparar as aulas e a renovar os seus conhecimentos.
· Recusa do projecto-lei que pretende regulamentar os concursos de professores para o ano de 2009, de modo a que os professores dos Quadros de Zona Pedagógica não se vejam confrontados como uma muito maior insegurança e imprevisibilidade nas suas colocações, e a que sejam preservados os quadros de escola enquanto garantia da estabilidade do corpo docente, necessária não só à segurança com que cada professor vinculado pode encarar o seu posto de trabalho, mas também ao regular funcionamento dos estabelecimentos de ensino. É ainda nossa preocupação e exigência que seja salvaguardado o princípio "melhor graduação=melhor colocação" que é claramente posto em causa pelos artigos 12, 39 e 40 do referido projecto-lei.
Fim da obrigatoriedade da prova de ingresso para os professores contratados, na medida em que esta constitui um obstáculo adicional e injusto para quem já deu suficientes provas, científicas e pedagógicas, de estar em condições de exercer a profissão docente.

FILME PARA REVER ATÉ AO DIA DA MANIFESTAÇÃO

Tirando a carga humorística do filme não podemos deixar de pensar que realmente haverá um momento em que a senhora quebre. E se para tal acontecer tivermos de ir todos a Lisboa no dia 15... então vamos!

Não há mal que não se mude nem doença sem cura, dizia o poeta... Então vamos mudar o mal!

Já provámos a nós mesmos e todos os que quiseram ver que a união é possível e tem muita força. O nosso trabalho até ao dia da manifestação (seja ela a 8 ou a 15) é convencer os menos convencidos e/ou derrotados (também dizia o poeta: muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente... e quando a gente manda ninguém manda na gente).


video

In São Martinho: castanhas e vinho