domingo, 6 de julho de 2008

Professores duvidam de "milagre" na Matemática

A Associação de Professores de Matemática não acredita que a melhoria nos resultados dos exames nacionais da disciplina corresponda a uma diferença efectiva na aprendizagem dos alunos. "Acredito que haja um maior empenho das escolas, dos professores, dos alunos, mas uma diferença tão grande não é explicável por isso", diz Rita Bastos, presidente da associação, que não tem dúvidas de que os exames foram "acessíveis".

Por outro lado, os professores também não estão de acordo com a análise da ministra da Educação, que atribuiu a subida a mais trabalho e aos efeitos do Plano de Acção para a Matemática. Até porque o Plano se destina a alunos do ensino básico, até ao 9.º ano, e por isso, "não é possível que estes resultados sejam um reflexo disso", explica Rita Bastos.

Também Manuela Mendonça, da Fenprof, salienta esta "incorrecção" nas razões apresentadas por Maria de Lurdes Rodrigues. Mas vai mais longe e considera o discurso da ministra "demagógico". "Ainda que as medidas implementadas resultassem, e temos muitas dúvidas, não teriam resultados tão expressivos no imediato", diz a dirigente sindical.

"Há a tentativa de criar uma realidade virtual através das estatísticas, que não tem correspondência ao nível da melhoria da aprendizagem", acusa. "São demasiados os indícios de que houve interferências do Ministério para conseguir estes resultados."

Para o presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), Albino Almeida, é necessário comparar as notas dos exames com as avaliações dos alunos nos últimos três anos. "Se estiveram em linha com as notas anteriores, ficam mal aqueles que falam de facilitismo, se foram diferentes, então é preciso levar as críticas a sério." Até esse trabalho estar feito, "a Confap não vai alinhar no festival dos que falam em milagres a matemática, nem dos que falam em tragédia a português", diz, salientado que embora se tenha falado de exames mais fáceis, os resultados foram bem diferentes, já que a português pioraram.|

PATRÍCIA JESUS - DN

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