segunda-feira, 30 de junho de 2008

Fundação de Cardiologia apoia ensino obrigatório de primeiros socorros

Para sensibilizar população

CDS-PP propõe ao Governo ensino obrigatório de primeiros socorros no 9º ano

Para o CDS-PP esta é a maniera de sensibilizar a sociedade para a importância dos primeiros socorros

29.06.2008 - 15h29 Lusa
O CDS-PP propôs ao Governo o ensino obrigatório de primeiros socorros no 9º ano de escolaridade, visando assegurar que a médio/longo prazo a maioria da população esteja apta a prestar aqueles cuidados em caso de emergência.

O projecto de resolução, entregue na semana passada na Assembleia da República e hoje divulgado, prevê que a formação em "Suporte Básico de Vida" tenha uma duração de 10 horas no 9º ano de escolaridade, a iniciar no ano lectivo de 2009/2010.

"O CDS-PP entende que a forma mais eficaz de, a médio/longo prazo, ter a grande maioria da população suficientemente informada e apta a prestar cuidados de Suporte Básico de Vida, é introduzindo nas escolas cursos de formação nesta área, nomeadamente dirigidos aos jovens do 3º ciclo do Ensino Básico", assinala o diploma.

"O socorro prestado nos primeiros minutos, logo após o incidente, é o que melhor garante uma redução, ou mesmo eliminação, de sequelas que a vítima possa vir a sofrer. Assim, a formação da pessoa que presta esse primeiro socorro pode ser decisiva para a vítima", salienta o CDS-PP no projecto.

No preâmbulo do diploma, os deputados democrata-cristãos consideram que a medida será "também importante em termos pedagógicos". O CDS-PP sublinha que "cerca de 70 por cento das chamadas recebidas pelo INEM são falsas, brincadeiras de crianças, o que demonstra que elas não estão sensibilizadas para a gravidade" daquele tipo de brincadeiras.

O CDS-PP propôs que aquela formação seja ministrada através de parcerias com instituições como o INEM, a Cruz Vermelha Portuguesa, a Associação Portuguesa de Bombeiros Voluntários, a Associação Nacional de Bombeiros Profissionais ou o Conselho Português de Ressuscitação.

Quem trabalhou, saiu prejudicado...

Ouça aqui.

Facilitismo? Nem pensar...

domingo, 29 de junho de 2008

Matemática «devia ser um desígnio nacional»

Jorge Bernardino, o presidente do conselho directivo do Instituto Superior de Engenharia de Coimbra (ISEC) apelou hoje ao primeiro-ministro para que a Matemática seja considerada «um desígnio nacional», dado ser «um pilar básico do ensino».

«Apelo ao primeiro-ministro, antigo aluno do ISEC: a Matemática devia ser um desígnio nacional, porque é um pilar básico do ensino», defendeu Jorge Bernardino.

Jorge Bernardino intervinha na sessão de abertura do encontro nacional da Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM), que decorre até sábado no auditório do ISEC.

Em declarações à agência Lusa à margem do evento, o presidente do conselho directivo do ISEC preconizou que a Matemática «deve ser uma aposta desde o ensino pré-primário até ao superior».

«Temos que apostar na Matemática. Os indicadores colocam Portugal muito mal na avaliação que é feita da disciplina«, sublinhou, ao defender que, »se o governo apostasse no ensino desta disciplina, que desenvolve capacidades mentais necessárias na vida activa, melhorava as condições do país«.

Ao manifestar a sua concordância com o apelo expresso por Jorge Bernardino, o presidente da SPM, Nuno Crato, considerou que disciplinas como esta e o Português »devem ser acarinhadas« e defendeu a necessidade de se »traçarem objectivos exigentes«.

«Uma das coisas essenciais para o país é ter uma avaliação fiável do estado do ensino e isso só se consegue com exames que sejam comparáveis de ano para ano e isso não está a acontecer», adiantou Nuno Crato à agência Lusa, ao reiterar as críticas da SPM às provas nacionais de Matemática do 9º e do 12º anos.

Jorge Miguel Freitas, vencedor do Prémio José Anastácio da Cunha - que lhe foi entregue hoje durante o encontro - sustentou que, «pelo seu espectro de utilização em todos os campos da ciência, é fundamental ter uma Matemática sadia».

«Temos bons professores de Matemática, mas os programas não correspondem, têm piorado«, opinou o docente do Departamento de Matemática Pura da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto em declarações à Lusa.

Os matemáticos George Szpiro (também jornalista), Marcelo Viana e Hung-Hsi Wu são três personalidades internacionais que participam nos trabalhos, em que figuram ainda, a título de convidados especiais, os investigadores portugueses Gabriela Gomes, Jorge Almeida, Ana Bela Cruzeiro e Margarida Mendes Lopes.

No encontro vai ser eleita a nova direcção da SPM, concorrendo uma lista única liderada por Nuno Crato, e realizam-se mini-cursos, seminários, debates e mesas-redondas sobre educação, investigação e divulgação da Matemática e o futuro da disciplina no país.

O livro »Como Resolver Problemas de Matemática«, de Terence Tao, vencedor da medalha Fields, »o maior prémio desta ciência«, vai ser lançado durante o evento.§

Além de Nuno Crato e de Jorge Bernardino, na sessão de abertura foram também oradores o presidente do Instituto Politécnico de Coimbra, Torres Farinha, e Oliveira Alves, em representação do presidente da autarquia.

Diário Digital / Lusa

sábado, 28 de junho de 2008

Sábado

http://educar.files.wordpress.com/2008/06/sabado26jun08.jpg

Modernização de escolas custa dois mil milhões

LUÍS NAVES
Ensino secundário. Programa de requalificação Parte da factura das obras será paga a médio prazo, ao longo de 25 a 30 anos O programa de requalificação de 330 escolas secundárias poderá custar 2 mil milhões de euros até 2015 e uma parte importante do investimento, cerca de um terço, será paga a médio prazo, conforme os empréstimos bancários, a 25 ou 30 anos. As contas ainda não estão feitas, mas o primeiro-ministro assinou ontem o protocolo que permitirá lançar uma nova fase do projecto, com mais 74 escolas envolvidas, numa altura em que terminam as obras dos quatro primeiros estabelecimentos.

Ontem, em Lisboa, José Sócrates defendeu a "escolha política" do seu Governo e garantiu que quer atrair para "a escola portuguesa o melhor que temos da engenharia e na arquitectura". Este é um dos mais ambiciosos projectos de requalificação de edifícios na Europa e obrigou a criar uma empresa pública, a Parque Escolar EPE, que fica responsável pelas escolas recuperadas.

Além do financiamento europeu e do orçamento de Estado, haverá uma fatia bancária que poderá rondar 35%. Os encargos com esta dívida contraída pela empresa serão pagos pelo Ministério da Educação, num modelo chamado de disponibilidade, que equivale a uma espécie de renda. Por cada metro quadrado recuperado para a escola será calculada uma verba a pagar pelo orçamento. A renda dependerá do custo do financiamento bancário.

"As escolas estão piores do que se imaginava", explicou ao DN o presidente da Parque Escolar EPE, João Sintra Nunes. Esta situação levou ao aumento nos custos do programa de modernização, relativamente ao previsto no início, uma verba de apenas 940 milhões.

A realidade poderá ser superior ao dobro. O modelo de financiamento implica dívida pública, mas para Sintra Nunes "ou recuperamos escolas ou não as recuperamos". Se o Estado tivesse de pagar tudo, explicou, "só podíamos pagar 100 escolas", em vez das 330 que serão modernizadas até 2015.

As três primeiras fases do plano, que incluem conclusão ou preparação de 104 escolas, terão um custo de 790 milhões de euros. Algumas das restantes 226 podem ter valores mais baixos, "pois serão as mais pequenas". No anterior modelo de financiamento estavam previstas verbas que vinham da valorização do património e de desenvolvimento de unidades de negócio nas próprias escolas. Estas pequenas quantias podem, no futuro, pagar por exemplo reparações.

A modernização surge devido à forte degradação de muitas escolas secundárias, pressionadas pela sobrelotação. O projecto envolve a criação de laboratórios e aumento da capacidade tecnológica. O plano é bem visto pelo sector. Albino Almeida, da confederação das associações de pais, Confap, disse ao DN que "todo o esforço para melhorar o parque escolar é sempre positivo". Por seu turno, os sindicatos de professores têm apontado as insuficiências das escolas secundárias portuguesas, sublinhando problemas de segurança ou a má qualidade dos espaços.

http://dn.sapo.pt/2008/06/28/sociedade/modernizacao_escolas_custa_dois_milh.html

sexta-feira, 27 de junho de 2008

DREN não quer professores que dão notas "distantes da média" a classificar exames



Margarida Moreira diz que "alunos têm direito a ter sucesso"
27.06.2008 - 19h32
Isabel Leiria
De acordo com um relato de um professor escrito em acta, a directora regional de Educação do Norte, Margarida Moreira, pediu aos conselhos executivos das escolas para terem atenção na escolha dos docentes que vão corrigir os exames, e disse que “talvez fosse útil excluir de correctores aqueles professores que têm repetidamente classificações muito distantes da média.” Os “alunos têm direito a ter sucesso” e o que “honra o trabalho do professor é o sucesso dos alunos” terá dito imediatamente antes e depois.

Esta acta foi citada hoje no Parlamento pelo deputado e líder do CDS-PP, Paulo Portas, durante um debate sobre o "facilitismo" das provas (de aferição e exames) deste ano, pedido pelos centristas. E reporta-se a uma reunião tida entre responsáveis pelo Gabinete de Avaliação Educacional (Gave, responsável pela elaboração das provas), presidentes dos conselhos executivos do Norte e Margarida Moreira, para a preparação dos testes deste ano.

O PÚBLICO contactou o gabinete de imprensa do Ministério da Educação para obter um esclarecimento sobre os motivos desta orientação e a resposta foi dada pelo director do Gave. Carlos Pinto Ferreira, que participou na referida reunião, esclareceu que a mensagem que se pretende passar é que os professores designados para verem os exames devem cumprir rigorosamente os critérios de classificação emanados pelo Gave. “E não apliquem nem mais nem menos. Tem de se assegurar que os classificadores seguem aquelas normas. A uniformidade na aplicação dos critérios é a única coisa que garante a equidade entre os alunos”, reforçou o director do Gave.

"Estatísticas felizes"
Este foi um dos exemplos dados pelo líder do CDS para provar que o objectivo do Ministério da Educação [ME] é “produzir estatísticas felizes”: “O nível de exigência [das provas nacionais] foi reduzido ao mínimo. Não pode ser um acaso que sociedades científicas, professores, alunos e famílias digam que são fáceis e facílimos.”

Portas passou a enumerar outros exemplos que, na sua opinião, demonstram o “triunfo da facilidade sobre a exigência e a vitória da mediocridade sobre a excelência”: “Usou-se e abusou-se de matérias dos anos anteriores e até de ciclos de escolaridade anteriores. Incluíram-se questões nos testes dos alunos de 15 anos resolúveis por alunos de dez. E [fez-se] perguntas aos de dez resolúveis pelos de oito.”

O líder do CDS afirmou ainda que alguns exercícios apenas aferiam se um estudante “sabia utilizar a calculadora ou se teria lido meras fichas de leitura sobre clássicos.”

Os resultados das provas de aferição de Matemática de 2008, já divulgados pelo ME, revelaram que as notas negativas caíram para metade face a 2007, tanto no 4.º como no 6.º ano.

A argumentação não convenceu a bancada do PS. A deputada socialista Paula Barros questionou, por exemplo, “qual o rigoroso instrumento de medida utilizado [pelo CDS-PP] para avaliar os exames nacionais.” E acusou ainda Portas de fazer “tábua rasa” do trabalho de milhares de professores e das escolas.

O ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva, garantiu que a “independência técnica [do Gave] face ao poder político está garantida.”

“É impressionante a atitude do CDS-PP que, sistematicamente, põe em causa as instituições técnicas do Estado. Foi assim com o Fisco, com a ASAE e agora com o Gave, que não devia ser alvo político do CDS”, lamentou Santos Silva.

“Quem faz as provas é o Gave, logo é bom. Essa não é uma argumentação”, ripostou Paulo Portas.

Também o PSD alinhou ao lado dos populares nas críticas aos exames e a outras decisões políticas na área da Educação (como o fim das provas globais ou do chumbo automático por faltas injustificadas). O deputado social-democrata Pedro Duarte disse mesmo que o Governo quer “obsessivamente a todo o custo apresentar resultados escolares mas está a fazer batota.”

PCP e Os Verdes aproveitaram o debate para se pronunciarem contra a existência de exames nacionais, enquanto instrumento “elitista” e “selectivo.”

http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1333811&idCanal=74

CDS-PP critica no Parlamento "facilitismo" dos exames nacionais

O CDS-PP confrontou hoje o Governo com exemplos do que considera ser o “facilitismo” nos exames nacionais, levando o ministro dos Assuntos Parlamentares a reafirmar a independência do gabinete que concebe as provas.

Na abertura do debate desta manhã no Parlamento, Paulo Portas disse que os exames da primeira chamada continham “perguntas demasiado fáceis e até retóricas”, perguntas sobre matérias de “anos e até de ciclos anteriores”, perguntas dirigidas a alunos de 15 anos “que podiam ser respondidas por alunos de dez”.

O líder dos populares não acredita que “tudo tenha sido um acaso” e citou uma “orientação” que disse ter sido dada pela pela directora-regional da Educação do Norte: “Os alunos têm direito a ter sucesso. Talvez fosse útil excluir de correctores aqueles professores que têm repetidamente classificações muito distantes da média. O que honra o trabalho do professor é o sucesso dos alunos”.

Também o deputado social-democrata Pedro Duarte considerou que o “Governo nega as evidências” quando rejeita “de forma arrogante”os alertas das sociedades científicas e das associações de pais sobre a “facilidade dos exames nacionais”. O Governo “quer apresentar resultados para o sucesso escolar, fazendo batota”, acusou.

Na sua intervenção, o ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva, reafirmou que o actual sistema de exames nacionais “garante a independência técnica” do Gave (Gabinete de Avaliação Educacional), organismo do Ministério da Educação responsável pela elaboração dos exames.

“É impressionante a atitude do CDS que sistematicamente põe em causa as instituições técnicas do Estado”, lamentou o ministro, para quem os populares “cometem um erro” ao “querer transformá-las em estruturas políticas”.

Para a deputada do BE Ana Drago, a dúvida sobre se os exames nacionais foram ou não propositadamente facilitados existe porque “o país percebeu que há uma lógica política no Ministério da Educação”.

Manifestando-se contra aquele tipo de exames, o deputado comunista Miguel Tiago considerou que o facto de existirem abre a “possibilidade de instrumentalização” “ao sabor das necessidades do momento” em períodos pré-eleitorais.

Para a deputada de "Os Verdes" Heloísa Apolónia, “existe hoje a desconfiança no país e o Governo ainda não provou que o sistema não está a ser moldado de acordo com objectivos imediatos” eleitorais.

Do lado do PS, a deputada socialista Ana Barros rejeitou que o Governo tenha influenciado o Gave no sentido de facilitar os exames e devolveu a pergunta ao CDS-PP: “O deputado Diogo Feio, que foi secretário de Estado da Educação, alguma vez exerceu influência sobre o Gave para influenciar os resultados?”.

Escola Segura

PSP apreendeu num mês mais de 21 mil doses de droga nas imediações das escolas
26.06.2008 - 11h32 Lusa
A PSP apreendeu 21.136 doses de droga, mais 19.776 que no ano passado, nas imediações de estabelecimentos de ensino de todo o país entre 26 de Maio e 20 de Junho, no âmbito da operação "Final do Ano Lectivo", da Escola Segura.

A diferença na quantidade de estupefacientes apreendidos é um "facto circunstancial", de acordo com fonte da PSP, explicando que eventualmente se trata apenas de mais droga apreendida num local.

Além da droga apreendida, a PSP fez 504 detenções e detectou 6481 infracções.

No mesmo período do ano passado, tinham sido detidas 497 pessoas, menos sete que este ano.

Em comunicado, a PSP explicou que a operação "Escola Segura - Final do Ano Lectivo 2007/2008" decorreu em toda a área da sua responsabilidade e teve como principal objectivo o "reforço do sentimento de segurança" na comunidade escolar.

"Mais de 90 por cento das ocorrências registadas nesta operação não envolvem elementos da actividade escolar", de acordo com fonte da PSP, que explicou que algumas das escolas vigiadas se inserem em áreas problemáticas.

Durante a operação foram detidas 1134 pessoas por mandado de detenção, 134 por falta de carta de condução, 120 por condução com álcool e 15 por tráfico de estupefacientes, entre outros casos, num total de 504.

Foram apreendidas 14.450 doses de haxixe, 5976 de heroína e 710 de cocaína, num total de 21.136 doses.

No âmbito da fiscalização rodoviária nas imediações dos estabelecimentos escolares, foram detectadas 6481 infracções, 609 das quais por utilização de telemóvel durante a condução, 363 por falta de sinto de segurança e 313 por falta de inspecção do veiculo, entre outros.

Na fiscalização a estabelecimentos comerciais, foram detectados dois menores em salas de jogo, um caso de venda de tabaco a um menor e outro caso de venda de bebidas alcoólicas também a um menor.

Durante o período em decorreu a operação, a PSP realizou diversas acções de sensibilização, formação e demonstrações nas escolas, nas quais participaram 61.326 alunos, 3054 pais/encarregados de educação, 3855 professores e 991 polícias.

terça-feira, 24 de junho de 2008

O suave milagre (II)

Recusando-se a reconhecer os milagres estatísticos do Ministério da Educação, há quem aponte o facilitismo das provas de aferição deste ano e veja aí a explicação do súbito sucesso dos alunos portugueses a Matemática.

Mas não houve sombra de facilitismo. Foi mesmo milagre. A prova de aferição do 6.º ano incluiria, por exemplo, uma questão praticamente igual à da do 1.º Ciclo (ex-4.ª classe) do ano passado.

Nada menos verdadeiro. Na prova do 1.º Ciclo de 2007, a questão era sobre a turma do Nuno; este ano foi sobre a turma do Ricardo. No ano passado, o pictograma era feito com "smiles", este ano foi com bolinhas.

Na prova do 1.º Ciclo de 2007 perguntava-se sobre alunos que aprendiam informática; na prova do 6.º ano de 2008 foi sobre alunos que aprendiam piano. No ano passado, no 1.ºCiclo, para resolver o problema, bastava somar um "smile" e meio; agora, no 6.º ano, já era preciso somar três bolinhas e subtrair uma, o que é muito mais difícil.

Os críticos verão que, depois, no 9.º e no 12.º anos, já será preciso saber multiplicar, e até dividir!

A epopeia educativa da Matemática é para continuar.


segunda-feira, 23 de junho de 2008

Escola é, há dois anos, a melhor na disciplina

Exames nacionais: Estudantes do Valsassina consideram prova de Matemática "demasiado fácil"

“Demasiado fácil”, “não é compensador do esforço”, “não havia nenhuma questão que permitisse distinguir um aluno de 18 de um de 11”, estes foram alguns dos comentários recolhidos pelo PÚBLICO entre os 45 estudantes do 12º ano do colégio Valsassina, em Lisboa, que hoje fizeram o exame nacional de Matemática A.

Para além desta prova, para os cursos de ciências e tecnologias e ciência socioeconómicas, em que estavam inscritos a nível nacional quase 50 mil estudantes, realizaram-se outras duas avaliações de Matemática destinadas aos alunos de Artes Visuais e de Ciências Sociais e Humanas (cerca de 20 mil inscritos).

No Valsassina, há dois anos em primeiro lugar no ranking em Matemática, respira-se confiança. Pelas primeiras correcções, feitas com o auxílio dos professores da disciplina, que se juntaram aos estudantes mal estes abandonaram as salas de exame, a tradição do colégio está para durar: são vários os que apontam para um 19 ou mesmo 20 e quase todos dão como certo que a prova se saldará numa subida da sua média.

É invulgar tamanha descontracção quando é a Matemática o prato forte. Para os professores não constitui surpresa. A sua confiança nos alunos é praticamente total. O inverso também parece ser verdadeiro. É uma coisa que se sente no local e que também marca a diferença.

Satisfeito, o coordenador do grupo de Matemática frisa que serão poucas as escolas que oferecerão as condições do Valsassina. A Matemática é uma linguagem universal, mas os juízos sobre os exames podem por isso não ter aplicação global. Por uma questão justiça para com outros, José Larião não dirá assim, como os seus alunos, que o tempo (três horas) foi excessivo para aquela prova ou que esta se revelou demasiado fácil.

http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1333304

Prova de Matemática A com "grande número de questões elementares" - SPM

A Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) considerou hoje que o exame nacional de 12º ano de Matemática A foi "mais fácil" que o de 2007, alegando que a prova contém "um grande número" de questões de resposta "imediata e elementar".

"A prova comporta um grande número de questões de resposta imediata e elementar, não aferindo conhecimentos matemáticos importantes, o que perfaz um total de cinco valores. Confirma-se a tendência já patente no exame nacional do 9º ano [...]", afirma a SPM, num parecer sobre a prova realizada hoje por mais de 38 mil alunos.

Por exemplo, aponta a sociedade, uma questão do grupo III "poderia ser abordada numa aula do 9º ano e resolvida por considerações de simples bom senso", enquanto outra do grupo II "pouco ou nada avalia em termos matemáticos, testando apenas a destreza no uso da calculadora".

"O grau de dificuldade deste exame é inferior ao do ano passado. O padrão utilizado pelo Gabinete de Avaliação Educacional para avaliar o desempenho dos alunos não permite distinguir aqueles que efectivamente trabalham e não ajuda os professores a incentivarem os alunos a aprofundar os seus conhecimentos", acrescenta.

No entanto, a SPM reconhece que a prova cobre o programa no essencial, sem qualquer erro científico ou de formulação, sendo a linguagem adequada e clara, "o que denota um progresso relativamente às questões demasiado palavrosas e de interpretação dúbia, habituais em anos transactos".

Acrescenta ainda que o exame contempla questões sobre temas importantes do programa do 12º ano, como continuidade, cálculo diferencial e estudo de limites, "tópicos em que professores e alunos investem bastante ao longo do ano lectivo e que não têm sido suficientemente avaliados".

Quanto à prova de Matemática B, realizada também hoje mas por quase sete mil estudantes, a SPM considera-a "excessivamente fácil", omitindo por completo conteúdos programáticos importantes, como estatística, geometria analítica ou programação linear.

"Nos anos anteriores, os exames de Matemática B tinham um grau de dificuldade relativamente elevado, talvez até mesmo excessivo se atendermos às características dos alunos que frequentam a disciplina. Este ano, passou-se para o extremo oposto, fazendo-se uma prova demasiado fácil, que não premeia o esforço desenvolvido ao longo do ano por professores e alunos", lê-se no parecer.

Por outro lado, a SPM sublinha que o grupo IV da prova, cotado em 20 pontos numa escala de 0 a 200, está "perfeitamente ao alcance" de um aluno do 7º ano e o VI pode ser "facilmente" resolvido por um estudante do 9º ano.

Sobre o exame do 9º ano, a sociedade qualificou-o como um dos mais fáceis, "senão o mais elementar", dos últimos anos, sublinhando que "a nivelação por baixo" poderá ter custos futuros "muito graves".

MLS.

Lusa/Fim

Provas de Matemática acessíveis à maioria dos alunos - Ass. Professores

A Associação de Professores de Matemática (APM) considerou hoje que os exames nacionais do secundário da disciplina foram acessíveis à maioria dos alunos, não suscitando dúvidas de interpretação.

"É nossa convicção que qualquer uma das provas poderá ser resolvida pela generalidade dos alunos, apesar dos diversos níveis de resolução ou de qualidade nas respostas, mais ou menos completas e mais ou menos fundamentadas", afirma a APM, num parecer divulgado hoje.

De acordo com a associação, "em condições normais", os alunos com desempenhos médios terão resultados médios, enquanto os que tenham realizado um bom trabalho ao longo do ciclo terão um bom resultado na prova, "o que é desejável no contexto de uma avaliação sumativa externa".

Para a APM, o tempo disponível para a realização das provas foi "adequado" e a generalidade das questões "não é susceptível de levantar dúvidas de interpretação aos alunos".

"Na prova de Matemática A, as questões de escolha múltipla são na sua generalidade bastante acessíveis, sem que isso, necessariamente se reflicta nos resultados finais uma vez que a sua cotação diminiu relativamente a anos anteriores", sublinha a associação.

Sobre este exame, realizado hoje por 38 mil alunos, a Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) considerou que a prova de Matemática A foi "mais fácil" que a de 2007, alegando que a deste ano contém "um grande número" de questões de resposta "imediata e elementar".

"A prova comporta um grande número de questões de resposta imediata e elementar, não aferindo conhecimentos matemáticos importantes, o que perfaz um total de cinco valores. Confirma-se a tendência já patente no exame nacional do 9º ano [...]", afirma a SPM, num parecer.

MLS.

Lusa/Fim

SPM critica prova por não premiar alunos que trabalharam todo o ano

Exame de matemática A mais fácil do que o do ano passado
23.06.2008 - 18h24 Lusa
Para a Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM), o Exame Nacional de matemática A, aquele a que mais alunos concorrem, foi mais fácil do que o do ano passado, mas elogia o esforço feito para contemplar na prova os conteúdos programáticos essenciais.

“É de salientar o esforço desenvolvido pelo G.A.V.E. em contemplar neste exame, num maior número de questões, temas importantes do programa do décimo segundo ano, tais como a continuidade, o cálculo diferencial e o estudo de limites. São tópicos em que professores e alunos investem bastante ao longo do ano lectivo e que não têm sido suficientemente avaliados, facto para o qual já tínhamos chamado a atenção”, refere a SPM.

Os especialistas frisam ainda o esforço feito no sentido de melhorar a clareza de linguagem nas questões colocadas em relação a anos anteriores: “A linguagem é adequada e clara, o que denota um progresso relativamente às questões demasiado palavrosas e de interpretação dúbia, habituais em anos transactos”, frisam. Mas criticam a “excessiva” duração da prova, de três horas.

No entanto a maior crítica da SPM vai para a falta de ambição do GAVE, o Gabinete de Avaliação Educacional do Ministério da Educação, de onde saem os enunciados das provas, que, segundo a sociedade, não desenvolve a excelência entre os alunos: “O padrão utilizado pelo G.A.V.E. para avaliar o desempenho dos alunos não permite distinguir aqueles que efectivamente trabalham dos que pouco trabalham, e não ajuda os professores a incentivarem os alunos a aprofundar os seus conhecimentos.”

SPM critica prova por não premiar alunos que trabalharam todo o ano

Exame de matemática A mais fácil do que o do ano passado
23.06.2008 - 18h24 Lusa
Para a Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM), o Exame Nacional de matemática A, aquele a que mais alunos concorrem, foi mais fácil do que o do ano passado, mas elogia o esforço feito para contemplar na prova os conteúdos programáticos essenciais.

“É de salientar o esforço desenvolvido pelo G.A.V.E. em contemplar neste exame, num maior número de questões, temas importantes do programa do décimo segundo ano, tais como a continuidade, o cálculo diferencial e o estudo de limites. São tópicos em que professores e alunos investem bastante ao longo do ano lectivo e que não têm sido suficientemente avaliados, facto para o qual já tínhamos chamado a atenção”, refere a SPM.

Os especialistas frisam ainda o esforço feito no sentido de melhorar a clareza de linguagem nas questões colocadas em relação a anos anteriores: “A linguagem é adequada e clara, o que denota um progresso relativamente às questões demasiado palavrosas e de interpretação dúbia, habituais em anos transactos”, frisam. Mas criticam a “excessiva” duração da prova, de três horas.

No entanto a maior crítica da SPM vai para a falta de ambição do GAVE, o Gabinete de Avaliação Educacional do Ministério da Educação, de onde saem os enunciados das provas, que, segundo a sociedade, não desenvolve a excelência entre os alunos: “O padrão utilizado pelo G.A.V.E. para avaliar o desempenho dos alunos não permite distinguir aqueles que efectivamente trabalham dos que pouco trabalham, e não ajuda os professores a incentivarem os alunos a aprofundar os seus conhecimentos.”

O segredo da Finlândia

Na Finlândia, os professoers têm uma tarde livre para trabalharem em conjunto: planificam, trocam materiais e elaboram recursos didácticos de forma cooperativa. A ênfase está na atitude colaborativa e no apoio aos alunos que estão a ficar para trás. Não há exames nacionais, os resultados das avaliações externas das escolas não são tornados públicos, não há rankings de escolas e um em cada três alunos recebe aulas de apoio. Na Finlândia, os professores são muto bem pagos, a profissão é socialmente muito valorizada, não existe um sistema formal de avaliação de desempenho dos professores, não existe um Ministério da Educação com poderes curriculares e pedagógicos sobre as escolas, o currículo nacional é mínimo, a autonomia das escolas é grande, os planos de estudos incluem menos disciplinas do que em Portugal, o número de aulas por semana é menor e as aulas têm 45 minutos. Como se vê, é tudo ao contrário de Portugal.

Quem é que Portugal tem copiado? Na avaliação dos professores, Portugal copiou o Chile, Na centralização curricular e pedagógica, inspirou-se na França. Na avaliação externa das escolas, foi buscar o modelo britânico. Ou seja, Portugal tem vindo a copiar os países com piores resultados escolares.

domingo, 22 de junho de 2008

Entrevista ao presidente do Observatório Internacional para a Violência Escolar


Eric Debarbieux: “Os professores não são treinados para agir em caso de violência”
22.06.2008 - 19h57 Bárbara Wong
A violência não está a aumentar, diz Eric Debarbieux, professor de Ciências da Educação da Universidade de Bordéus, em França. Mas é preciso agir, não com medidas repressivas, mas pensadas a longo prazo. É presidente do Observatório Internacional da Violência Escolar, uma organização não governamental “científica”, uma “federação de investigadores” de 52 países, que faz estudos e recomendações aos Governos. A quarta conferência internacional decorre entre amanhã e quarta-feira na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Qual é o grau de influência do Observatório Internacional da Violência Escolar nas políticas dos países?

O nosso objectivo é ter influência, dizer o que está certo e errados nas políticas públicas. Por exemplo, sabemos que o melhor caminho não é ter políticas de repressão nas escolas e dizemos isso. O que não significa que sejamos ouvidos pelos políticos. A violência na escola é um tópico inconveniente que é recorrentemente recuperado pelos média e pelos políticos, que exageram sobre as suas causas e os seus efeitos. Contudo, a investigação mostra que a violência na escola não está a aumentar.

Não está a aumentar?

Vou dar um exemplo: Recentemente um país africano pediu-nos para fazermos um estudo. O observatório concluiu que o problema era as crianças não irem à escola, sobretudo as raparigas e recomendamos que o investimento devia ser feito na sua educação. É claro que não ficaram satisfeitos. A razão científica nem sempre é palavra de acção, mas é essa a nossa função.

A violência escolar vai da agressão verbal aos massacres nas escolas?

Os tiroteios não são um problema real. Nos EUA, os estudos dizem que o risco de um aluno ser vítima de um tiroteio é de um para um milhão, no entanto, 80 por cento dos estudantes tem medo de ser vítima. O verdadeiro problema é a violência continuada e repetida, a que chamamos bullying, sobre alunos, mas também sobre professores. Por vezes, pensa-se que não é importante, que é uma coisa pequena, mas sabemos que as consequências são muito graves para as suas vítimas. Há pesquisa que mostra que uma vítima de bullying pode tentar o suicídio mais quatro vezes do que alguém que nunca sofreu bullying na escola. É contra esta pequena violência que temos de lutar.

É diferente de país para país?

Há países onde há problemas graves de violência escolar. Em África, no Burkina Faso, 37 por cento das raparigas já foram vítimas de abusos sexuais por parte dos professores. Outro problema são os castigos corporais, nos EUA há 18 estados onde ainda são permitidos. Sabemos que as consequências podem ser nefastas. Por exemplo, grande parte dos tiroteios dentro de escolas é nesses estados onde os professores podem bater nos alunos.

Disse que a violência escolar não está a aumentar, mas são tornados públicos cada vez mais casos. Porquê?

Em França, a média do número de alunos vítimas de bullying não está a aumentar, mas se observarmos as escolas dos subúrbios, de zonas mais frágeis em termos sócio-económicos, a violência escolar está a crescer. Na Europa, a violência na escola está ligada à exclusão social e é um assunto que a democracia deve combater. Mas não é assim em todos os países.

Quer dizer que a violência pode não estar ligada à exclusão?

Em muitos países pobres africanos e da América Latina a violência escolar não é um problema porque a comunidade protege a escola. Para ela, a escola é um capital social, é uma oportunidade para sair da pobreza, enquanto noutros países, na Europa e EUA, a escola é vista como um inimigo. No Brasil, nas favelas onde não há saneamento, a escola é o único bem e os professores têm até 80 alunos na sala de aula e não há problemas de violência.

Significa que depende do contexto onde a escola se encontra?

É o que vamos discutir neste congresso: A violência em contexto. Como é que o contexto pode fazer parte da solução? Sabemos que há dezenas de milhares de alunos, em todo o mundo, que odeiam o clima escolar.

Porque a escola continua a ser igual desde a revolução industrial e recebe públicos para os quais diz não estar preparada?

Os professores não são preparados para intervir. Por exemplo, uma hospedeira é treinada para reconhecer o stress de um passageiro, um quadro bancário para a gestão e dinâmica de grupo, e os professores não. Em termos políticos, é uma prioridade repensar a formação. A maneira como se gerem os conflitos é muito importante, há necessidade de formar os professores também para trabalhar em equipa. Se não houver esse trabalho de equipa, a porta da escola está aberta para entrar a cultura de violência. Não podemos mudar a família ou a sociedade, mas podemos mudar a maneira como se trabalha na escola. A pedagogia pode contribuir para a solução.

Os alunos precisam de gostar da escola?

O sentimento de pertença à escola é uma das chaves. Se um professor ou um aluno está isolado, corre maior risco de ser vítima de violência. Por isso, é preciso apostar na boa convivência escolar. É uma necessidade criminológica para nos proteger da violência escolar, porque os agressores não são corajosos, são jovens que atacam e roubam os da mesma classe social. Se há uma equipa a funcionar na escola, as agressões podem reduzir-se.

E as câmaras de vídeo ou a polícia à porta da escola?

Há escolas com os portões fechados e videovigilância. São meios que podem tornar-se perigosos porque os alunos interpretam que a escola os quer vigiar e controlar, bem como aos amigos e à família. O desafio é evitar a violência de exclusão, ou seja, aquela que é feita fora da escola contra a polícia, os transportes públicos, os bombeiros, porque essa é mais difícil de controlar. As escolas devem criar regras claras contra o bullying.

Quais devem ser as responsabilidades dos governos?

Formar professores para saberem gerir conflitos. Tomar medidas de apoio às vítimas, mas também de apoio aos agressores. Não basta agitar o cassetete, os Governos devem dar uma resposta que não seja dura e imediata, mas de longo prazo. Os governantes sentem um enorme fascínio pela repressão da violência extrema e isso deve-se à pressão mediática. Não há imagens da pequena violência, diária e repetida; mas há das consequências de um tiroteio num liceu norte-americano, que passam repetidamente na televisão. As políticas públicas devem dirigir-se à pequena violência.

Origens e causas da violência escolar

O que está na origem da violência escolar?
Não há uma causa, mas muitas que estão ligadas. A escola, a família, a comunidade... Sabemos que se os pais forem muito disciplinadores, que inflijam castigos corporais, pode haver mais violência; mas o contrário também pode dar origem a violência, ou seja, se os pais não exercerem qualquer controlo. O modo como se educa pode ser uma das explicações, mas não é a única. Não se pode falar de determinismo.
Há novas formas de violência escolar?
O cyberbullying é um problema novo, ainda não há dados quantitativos, mas muitos inquéritos revelam que há um aumento. É o mesmo problema que o bullying, o meio usado é que é diferente.
Quem são as vítimas?
São os alunos, sobretudo rapazes, vítimas de violência física; há menos vítimas do sexo feminino e a forma de violência exercida é condená-las ao ostracismo. Não posso dizer que seja pior, porque a violência física é acompanhada de violência verbal. As consequências são muito importantes: o absentismo, maus resultados escolares, falta de auto-estima, por vezes, sentimentos de culpa.
No futuro, as vítimas podem tornar-se agressoras?
A maior parte das vítimas não se tornam agressoras. Mas acontece. O risco é que reproduzam esses comportamentos com os seus próprios filhos. Sabemos que 80 por cento dos casos dos autores de massacres nos EUA foram vítimas de bullying.

Programa Novas Oportunidades

Sócrates anuncia alargamento do programa de entrega de computadores ao 7º ano de escolaridade

O primeiro-ministro, José Sócrates, anunciou hoje que no próximo ano lectivo o programa de entrega de computadores portáteis e acesso à banda larga será alargado a todos os alunos entre o 7º e 9º ano de escolaridade.

José Sócrates falava na cerimónia de entrega do computador 200 mil no âmbito do programa e-escola, na Escola Profissional Gustave Eiffel, na qual também estiveram presentes os ministros da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, e das Obras Públicas Transportes e Comunicações, Mário Lino.

De acordo com o Ministério da Educação, ao estender-se aos 7º e 9º ano de escolaridade, o programa e-escola vai abranger no próximo ano lectivo mais 380 mil alunos dos ensinos público e privado.

"O sucesso deste programa junto de professores, formados do Programa Novas Oportunidades e alunos impõe o seu alargamento ao 7º ano de escolaridade, depois de termos começado pelo 10º ano e posteriormente termos estendido aos 11º e 12º anos", justificou o primeiro-ministro.

Para José Sócrates, face à experiência da aplicação do programa que une "Estado, operadores de telecomunicações e escolas é agora altura de lhe dar uma nova ambição".

"A logística deste programa resultou em pleno, mas também resultou porque teve uma procura elevada. Ora, qualquer política pública só resulta se tiver a adesão das pessoas", sustentou.

Segundo dados do primeiro-ministro, estão neste momento inscritas para receber computadores portáteis cerca de 300 mil pessoas entre alunos do ensino secundário, professores e formandos do Programa Novas Oportunidades.

Lusa

CHUMBAR É UMA VE RGONHA NO LESTE


Céu Neves (texto)
Vasco Neves (foto)
Língua. Compreensão das terminologias torna mais difícil aprender Medicina

Imigrantes dizem que o seu ensino é exigente e com muitos TPC

Uma folha de papel a circular pelas carteiras é algo que nos habituámos a ver nas escolas portuguesas. Não é o hábito das crianças oriundas de países da Europa do Leste. A folha deixa de circular no preciso momento em que o professor inicia a aula. É uma questão de atitude, de cultura, de educação, da importância que se atribui ao ensino? É seguramente diferente e para melhor, dizem os professores portugueses. Os alunos também não se queixam dos nossos educadores, mas pedem uma maior exigência na sala de aula. Um pedido que passa a reivindicação junto dos pais desses mesmos alunos.

Matemática do 3.º ano, mas com o programa de uma escola que fica numa ponta da Europa, no Leste da Europa. Crianças dos oito aos dez anos seguem a matéria em ucraniano como se estivessem no país de origem. É sábado e este é o sexto dia de aulas de alunos que frequentam durante a semana a escola portuguesa. E, assim, prosseguem os estudos nos dois sistemas de ensino. É uma conquista da comunidade ucraniana em Portugal e que está bem expressa no nome da escola Milagre do Mundo. Interrompemos a aula, fazemos perguntas, os alunos atropelam-se para responder. Deixamos duas folhas de papel para escreverem o nome, a idade, há quantos anos aqui estão e o que querem ser quando crescerem. Meia hora depois, as folhas continuam intactas. Faz sentido, quando começamos a perceber estas comunidades. Na aula, é impensável fazer outra coisa que não seja ouvir a professora.

"Ainda não escrevi o meu nome, a professora começou logo a aula", sussurra Daryd Yarova, ucraniana, nove anos, há oito em Portugal.

Um papel a circular pela sala é algo que nos habituámos a ver nas salas de aula e em todos os graus de ensino portugueses. Os imigrantes dizem-nos que não é assim nas escolas da Europa do Leste. "A aula é para aprender. A professora não precisa de levantar a voz. Na escola portuguesa, a professora tem que ralhar para os alunos fazerem as coisas", diz em tom de crítica Bohdan Fedoryshyn, nove anos, há quatro em Portugal. Quer ser futebolistas e engenheiro.

É uma questão de atitude, de cultura, da importância que se atribui à educação. Bem diferentes do comportamento dos nossos alunos. "São realmente diferentes, muito trabalhadores e disciplinados. E sentem vergonha quando têm maus resultados, até porque vão logo para a via profissional. E são os próprios a dizer que os alunos portugueses têm uma atitude de desrespeito para com os professores", explica Isabel Policarpo, professora de Português na Escola 2, 3 de Delfim Santos, em Lisboa. As crianças do Leste estão entre os seus melhores alunos.

Meninos como a Daryd, o Bohdan, a Júlia, o Solomiyo, a Maria, o Mykhoylo, o Aleksandr, a Anastasya, a Marina, a Tetyana e o Dimytro, e que conhecem o sistema de ensino português e ucraniano. Sentem que o ensino "lá [Ucrânia]" é mais difícil, sobretudo nos primeiros níveis. "Lá", não têm mais horas de aulas, mas têm mais trabalhos para casa. Tantos que o tempo de estudo em casa chega a ser superior ao da escola. E tanto elogiam os professores nacionais como os portugueses, com uma ressalva para estes últimos: "Deviam ser mais exigentes!"

Já os professores portugueses não lhes poupam elogios. "O facilitismo mete-lhes confusão, não gostam. Enquanto que para nós é um pouco ao contrário, o nosso ensino está cada vez mais nivelado por baixo", diz Renato Costa, formado em Biologia e professor de Saúde e Socorrismo na Escola Secundária Anselmo de Andrade, em Almada.

Ana Parra dá aulas na Escola Secundária da Amora a alunos que não têm o português como língua materna. Elogia os ucranianos, os moldavos e os russos, que diz terem "capacidades de trabalho invejáveis". E que até as ilustrações dos livros escolares lhes fazem confusão por serem um factor de distracção. É esta capacidade de trabalho que os faz ultrapassar as dificuldade para com a aprendizagem da língua portuguesa.

"Já é português"

Uma forma de estar que não encontra eco entre os portugueses. Pelo menos, na maioria. A tal ponto que os imigrantes do Leste quando vêem os filhos a resvalar para o desleixo, logo afirmam: "Já é português!" É a conclusão do estudo "Entre o Rural e o Urbano: Estratégias de Integração de Famílias de Imigrantes da Europa do Leste", das sociólogas Alexandra Castro, Ana S. Marques, Joana Afonso e Maria José L. Antunes. E sublinham: "No caso de muitos imigrantes, e isto é absolutamente novo no contexto da imigração em Portugal como insuficiente face às expectativas que nela se depositam."

Irina Deuysyuk, 14 anos, Nastia Isasenko, 14, e e Ulyana Varyvoda, 15, dizem o mesmo mas por outras palavras: "Quando viemos, as notas eram baixas por causa da língua. Depois, levantaram e, agora baixaram. Já aprendemos com os vícios dos portugueses. Quem fica mais tempo apanha os vícios e, se regressar à Ucrânia, vai sentir muita diferença." Os vícios que dizem ter aprendido são "estudar pouco ou nada; ir à escola sobretudo para encontrar os colegas; falar na aula".

Expansivas e com ar de estarem sempre prontas para a brincadeira, têm dificuldades em dizer se gostariam de regressar definitivamente ao seu país. Andam no 8.º e 9.º ano na escola portuguesa e no 9.º na escola ucraniana. Os cursos que pretendem seguir dividem-se entre o jornalismo, marketing ou publicidade e designer ou estilista.

A escola " Milagre do Mundo" funciona na Escola 2,3 Pedro Santarém, em Lisboa e segue o programa curricular da Escola Universal de Kiev. Tem uma turma por cada um dos 11 anos exigidos para completar o ensino secundário na Ucrânia (vai passar para 12). É a escola ucraniana em Portugal que tem mais alunos, 130. Vêm de várias concelhos da Grande Lisboa. Todos os sábados, entre as 9.00 e as 17.00.

"Não queremos que a nossa descendência esqueça a língua materna. Estão integrados na escola portuguesa, mas é importante que aprendam a sua cultura", explica Vitaliy Miaailiz, presidente da Associação de Ucranianos de Portugal. A associação é responsável pela maioria das 14 escolas ucranianas no País e que têm o apoio da Embaixada da Ucrânia: três em Lisboa e uma em cada destas cidades: Aveiro, Braga, Gondomar, Paredes, Águeda, Leiria, Faro, Portimão, e, em breve, nas Caldas da Rainha.

Igor Korinnyv, o director da escola, já deixou de se indignar com "a falta de exigência" das escolas portuguesas. "Os alunos, tanto os portugueses como os nossos, andam muito livres. Aqui, os professores não os apertam tanto para melhorar a situação", diz, exemplificando: "Na Ucrânia, se um aluno se atrasa, a administração escolar chama de imediato os pais. Se provoca algum desacato, chamam logo os pais, se não querem estudar, chamam os pais. E os alunos têm medo!"

Medo e vergonha. Medo das represálias em casa. Vergonha, por não cumprirem as metas, estudar e passar de ano. "Mesmo para se trabalhar numa loja é preciso um diploma. Sem diploma, ninguém fala consigo", diz Igor. É professor de Educação Física e chegou a Portugal há sete anos. Trabalhou como serralheiro na construção civil, ofício para o qual tirou um diploma na Ucrânia.

"É para estudar, é para estudar"

"Estranho. Estranho o comportamento dos meus colegas. Pensam que é tudo brincadeira, mas não. Quando é para se divertir, é para se divertir. Quando é para estudar, é para estudar", atira a Georgina Trincu, 11 anos, romena, há três anos em Portugal e a frequentar o 4.º ano na escola portuguesa e na romena. Está na Escola Romena da Associação Fratia (fraternidade) que funciona aos sábados na Escola Secundária de Bocage, em Setúbal. Tem 60 alunos entre os 5 e os 15 anos, da Roménia, Moldávia e Ucrânia.

"Na Roménia, uma colega minha olhou para o relógio e só por isso a professora mandou-a para a rua e disse-lhe: 'Se já estás farta da aula, vais embora!", conta. E continua: "Temos mais regras na Roménia, até na ginástica." Em Portugal só fazem as coisas "quando o professor ralha".

Daniela Madesco, a amiga, expressa o que a surpreende: "Há rapazes e raparigas da minha sala que chumbaram e os pais dizem que não querem saber, que repetem o ano. Na Roménia não é assim... Há um moldavo que era bom aluno, mas foi atrás dos outros que não estudam e, agora, só tem negativas." A Daniela tem dez anos, veio para Portugal há menos de um e frequenta o 4.º ano, tanto na escola portuguesa como romena. Conta outro episódio. "A professora faltou na sexta-feira, mas nós fomos à mesma. Um colega meu faltou. Quando vinha para casa vi que me tinha esquecido das chaves na sala dos professores e voltei à escola. E vi aquele rapaz que tinha faltado com a mochila e só pensei: disse aos pais que veio para a escola e não apareceu!'"

Com a resposta sempre na ponta da língua, a Daniela fala num português irrepreensível e com pronúncia setubalense. "Não sabia falar português no início e sentia-me inferiorizada. Agora, já falo muito bem. Fui a uma visita e estudo e uma professora só percebeu que eu não era portuguesa quando chamou pelo nome." É que antes de vir para Portugal, os pais comparam um dicionário de romeno/português. "Com as palavras como se escrevem e como se lêem."

Quando Bogdan Litkovets chegou a Portugal tinha 5 anos. Na Ucrânia, onde nasceu, nessa idade os meninos já sabem ler. E ele sabia, ucraniano. Por isso a mãe, que era professora de música lá, ensinou-lhe a ler português em casa antes de ele entrar na 1.ª classe num colégio em São Pedro do Estoril, onde a família morava.

"Foi fácil", conta Alla Litkovetz, que se desdobra entre vários trabalhos como mulher a dias, dá aulas de piano e ainda ensina na escola ucraniana de Cascais. Mas teve mau resultado: a professora do filho mandou chamar Alla à escola e passou-lhe um raspanete. Bogdan era o único a saber ler e isso perturbava os colegas. "Uma história surreal".

Foi por histórias como esta, e porque consideravam o ensino português muito brando, apesar do (excelente) percurso escolar de Bogdan, que Alla e o ex-marido resolveram mandar o filho para viver com a avó em Lutsk, cidade ucraniana perto da fronteira com a Polónia e ali fazer o 6.º ano. A mãe acha que valeu a pena a opção. "Queria que ele soubesse o que é a escola , a disciplina, fazer trabalho sério." Isto apesar das fortes pressões dos professores ucranianos que, depois de saberem que a família era emigrante, queria que lhes "pagassem" notas melhores para Bogdan.

E Bogdan, gostou? O miúdo, agora com 12 anos e de volta a Benfica, em Lisboa, onde moram, diz sempre que "sim", de forma evasiva. Mas a sua opinião real sobre as diferenças do ensino, lá e cá, está numa carta que escreveu à mãe e que ela ainda guarda.

Estou sempre a comparar a Ucrânia com Portugal. Em Portugal não há farda como aqui. A farda é bonita, mas eu gosto mais de vestir livremente. Aqui as pizzas são mais pequenas e bebe-se chá, não há coca-cola e há mais variedades de massas e de iogurtes. Em Portugal tinha uma hora para comer, aqui são 10 minutos. E tenho de comer, fazer limpeza na classe, abrir as janelas, limpar os papéis do chão, trazer giz novo.

Gosto mais da escola em Portugal porque é mais fácil. Aqui, em meio ano gastei dois cadernos, em Portugal era meio por ano. Temos de nos levantar cada vez que o professor nos faz uma pergunta. E eles dão-me notas piores do que em Portugal. Eu não percebo. E aí as crianças ajudam-se umas às outras, aqui são avarentos e não ajudam. Agora eu também sou assim. |

Os gémeos Rostyslav e Kostyantyn Romaschuk têm 17 anos e são naturais da Ucrânia. Chegaram ao País com 11 anos, acabando por fixar residência em Sines. A mãe é enfermeira (levou dois anos para concluir o processo de equivalências) e o pai é mecânico. São alunos do 1.º ano de Medicina na Faculdade de Ciências Médicas, em Lisboa, curso onde entraram com uma média obtida no país de origem, 18,9 valores. Também estudaram em Portugal, mas não conseguiam melhor classificação do que 16 (média). Os gémeos sempre estudaram nos dois sistemas de ensino: o português e o ucraniano. "O 7.º ano foi difícil na escola portuguesa, mas as notas melhoraram quando começámos a saber a língua", conta o Rostyslav.

No final de cada ano lectivo, faziam os exames na Ucrânia, até que decidiram frequentar lá o último ano do secundário, onde este nível de ensino tem apenas 11 anos (vai passar a 12), razão pela qual os Romaschuk têm menos idade que a generalidade dos colegas da faculdade. Depois, só tiveram que pedir a equivalência das habilitações. "O ucraniano é a nossa língua materna e era mais fácil estudar na Ucrânia", explicam. Provocação: Não haverá também uma diferença de atitude nas escolas ucranianas, que faz com que os alunos obtenham melhores classificações? "Não acho que exista uma diferença de atitude. O problema é a vontade de estudar", resume Rostyslav. Quase a concluir o 1.º ano de Medicina (estão em exames), limita-se a dizer que "os estudos estão a correr mais ou menos".

É que persiste a dificuldade linguística. "Não conseguimos perceber bem as terminologias. Estudamos a matéria, mas é difícil. Para os nossos colegas portugueses é mais fácil!"

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Férias na Educação sem tréguas à vista

Reformas polémicas. Contestação sem precedentes. O ano lectivo 2007/2008 termina marcado pelo conflito entre professores e Ministério da Educação.
A "Marcha da Indignação" marcou o calendário lectivo. No dia 8 de Março de 2008 cerca de 100 mil professores e educadores de todo o país rumaram a Lisboa numa manifestação contra a actuação do Ministério da Educação, personificada em Maria de Lurdes Rodrigues. Numa classe profissional constituída por 143 mil docentes, as organizações sindicais congratularam-se pela presença em peso de quase 70% dos seus representantes. Uma demonstração de força sindical perante a intransigência ministerial.

Porque se indignam os professores? Foram vários os pontos que neste ano lectivo originaram um agravar do mal-estar que se tem vindo a sentir na classe: o modelo de avaliação do desempenho docente, o regime de autonomia e gestão escolar, as reformas no ensino Especial e no Artístico e a indisciplina e violência nas escolas, trazida à discussão pública pelo mediatizado caso "Carolina Micha¿lis".

Apesar de a contestação dos professores ter marcado este ano lectivo, Albino Almeida, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP), faz um balanço positivo da actuação da classe nesta matéria. "A luta não pôs em causa as aulas, nem prejudicou os interesses dos alunos e isso foi um sinal de maturidade democrática da sociedade portuguesa", refere.

Avaliação: o consenso possível
No balanço sobre a forma como decorreu o ano lectivo, Álvaro Almeida dos Santos, presidente do Conselho das Escolas, um órgão consultivo do Ministério da Educação, faz uma síntese em torno da questão da avaliação do desempenho docente. A mais polémica de todas.

"Houve uma solução consensual, mas a discussão esgotou-se na espuma dos problemas e foi pouco objectivada", lamenta Álvaro Almeida dos Santos, deixando claro que "o grande desafio" no próximo ano lectivo será o de saber "como transformar a avaliação num instrumento de melhoria da qualidade do ensino nas escolas e de como a integrar numa organização escolar colectiva enquanto estratégia para melhorar o desempenho de todos".

A ideia já foi várias vezes repetida. Mas vale a pena insistir. "Os professores não estão contra a avaliação, estão contra este modelo que o Ministério da Educação impôs", sublinha Manuela Mendonça, dirigente sindical da Federação Nacional dos Professores (FENPROF).

A posição crítica daquela plataforma sindical resume-se assim: "o modelo é orientado para o controlo administrativo da profissão e para criar restrições à progressão na carreira". Igualmente grave é a realização da avaliação estar prevista "em momentos do ano escolar (início e fim do ano lectivo) em que vai obrigar os professores a enredarem-se em múltiplas exigências burocráticas no âmbito do processo, deixando de poder concentrar-se no essencial, que é o trabalho com e para os alunos", acusa Manuela Mendonça. Por tudo isto, a Fenprof vai construir um "modelo alternativo" ao proposto pelo Ministério da Educação, que espera vir a ser discutido no decorrer do próximo ano lectivo.

Regime de Autonomia e Gestão Escolar
Apresentado como uma forma de garantir a participação da comunidade na definição das políticas da escola, o novo regime de Autonomia e Gestão Escolar mereceu de imediato a contestação dos professores. Quer ao facto de o diploma prever a figura do "director da escola" em detrimento dos actuais conselhos executivos. Mas sobretudo porque, numa primeira versão, depois alterada, o diploma não permitia aos professores presidirem ao Conselho Geral, um órgão de direcção das escolas responsável pela eleição ou destituição do "director da escola" e onde vão estar representados: professores, pessoal não docente, alunos, encarregados de educação, autarquias e comunidades locais.

Álvaro Almeida dos Santos viu esta alteração como "um aspecto muito positivo", revelador da "confiança" na capacidade dos professores para a direcção e gestão das escolas. Isto numa altura em que já se admitia a possibilidade de uma gestão de tipo empresarial dos estabelecimentos de ensino. "Os professores vão continuar a poder presidir à escola", insiste o presidente do Conselho das Escolas. Ele que é também presidente do conselho executivo de uma escola. Por isso fala com conhecimento de causa: "Há colegas que fizeram mestrados e formação em organização administrativa de escolas e que têm de ser aproveitados [neste novo regime de gestão escolar]."

Reformas polémicas: ensino artístico...
A 15 de Fevereiro, uma "manifestação concerto" reúne cerca de 400 pessoas, entre professores e alunos de Música dos conservatórios de Lisboa, Aveiro e Coimbra e outras figuras da cena musical. Tocam juntos em frente à Assembleia da República. A ideia é não permitir que a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, faça ouvidos surdos aos protestos contra a reforma do ensino artístico especializado.

Se entrar em vigor este ano lectivo, tal como estava previsto, a reforma vai alterar o funcionamento das escolas de música especializadas transformando-as em estabelecimentos de ensino integrado onde se vão leccionar não só as disciplinas musicais mas também as de carácter geral. Com esta alteração acaba o regime supletivo, que até agora tem permitido aos alunos frequentarem duas escolas diferentes consoante as disciplinas: as musicais no Conservatório e as de carácter geral numa escola do ensino regular.

Os manifestantes acusam a ministra de querer acabar com a profissionalização de músicos em Portugal. Em resposta, o Ministério da Educação garante que serão assegurados os mecanismos de transição bem como os percursos educativos dos alunos implicados na mudança. A medida é descrita como visando a democratização do ensino da música através de uma reorganização da sua oferta nas escolas dos ensinos Básico e Secundário.

... e no ensino especial
A mesma indignação contra o Ministério da Educação reúne pais e professores de alunos com necessidades educativas especiais, bem como representantes de algumas associações de pessoas com deficiências. O alvo do protesto: a reforma do ensino especial que entrava em vigor em Janeiro de 2008.

De acordo com o Ministério da Educação, a reforma pretende fomentar a integração das crianças com certas deficiências no ensino regular, sendo que aí deveriam receber o apoio educativo especial. Logo após a entrada em vigor do diploma, a tutela foi acusada de estar a rejeitar o encaminhamento de alunos com vários tipos de incapacidades para escolas do ensino especial, acabando com o financiamento integral à sua permanência em colégios especializados.

O decreto-lei contempla uma redefinição do perfil do aluno a ser objecto de encaminhamento para o apoio especializado que vários investigadores na área da Educação Especial consideram "ambígua". Face ao escrito no documento ,seriam encaminhados para o ensino especial apenas os "alunos com limitações significativas ao nível da actividade e da participação num ou vários domínios da vida decorrentes de alterações funcionais e estruturais, de carácter permanente".

Perante as acusações vindas a público de que mais uma vez o Ministério da Educação estaria a colocar a vertente economicista acima dos interesses dos alunos, Maria de Lurdes Rodrigues menciona apenas que a implementação do novo "modelo de integração" está a ser acompanhada por "peritos".

Indisciplina e violência nas escolas
O caso resume-se num parágrafo, mas já fez correr muita tinta e há quem o veja como uma "mancha" neste ano lectivo que agora termina.

Uma aluna da Escola Secundária Carolina Michaelis, no Porto, agredia uma professora por esta lhe ter retirado o telemóvel durante uma aula, enquanto um colega filmava a agressão e a restante turma assistia. O vídeo correu a Internet e as televisões. A professora apresentou queixa, apenas uma semana após o incidente. A escola abriu um processo de averiguação. A aluna que protagonizou a agressão e o colega que a filmou foram transferidos de escola. Um outro que terá dificultado a ajuda dos colegas à professora foi suspenso.

Sem entrar em discussões sobre as causas e as consequências do caso, Albino Almeida, presidente da CONFAP, salienta a "oportunidade de discussão" originada em torno da questão da violência nas escolas. Um problema que considera ser "antigo" mas que finalmente deixou de ser apenas uma "preocupação" e passou a ser objecto de "intervenção". Prova disso, refere, a vontade do Governo em alargar o programa dos Territórios Educativos de Intervenção Prioritária. De resto, aguardam-se mais desenvolvimentos sobre esta matéria.

Manuela Mendonça, da FENPROF, também espera que o Ministério da Educação tome "medidas necessárias e urgentes que garantam aos docentes a imprescindível segurança e estabilidade no exercício da sua profissão". A dirigente sindical recorda que ao agravamento das situações de indisciplina e violência nas escolas "não é alheia a forma como o próprio Ministério da Educação tem desautorizado publicamente os professores".

Álvaro Almeida dos Santos faz uma leitura diferente do caso, dizendo que este foi objecto de uma "amplificação" sem precedentes. Para o presidente do Conselho das Escolas, os estabelecimentos de ensino "continuam a ser maioritariamente espaços seguros" e os professores da escola pública são "profissionais que merecem o reconhecimento da sociedade pelo trabalho que desenvolvem".

Aguardam-se novos desenvolvimentos de todas estas questões. Até porque as escolas estão a encerrar para férias e não são de esperar "soluções milagrosas" antes de Setembro.
Tudo vai continuar em aberto e a marcar a agenda reivindicativa do próximo ano lectivo.



Andreia Lobo| 2008-06-20

Facilitismo... ? Nem pensar... Algumas questões podiam ser resolvidas por alunos do 2º ciclo

Professores de Matemática consideram prova do 9.º ano a mais fácil de sempre
20.06.2008 - 18h07 Lusa
A Associação de Professores de Matemática (APM) considerou hoje que o exame nacional de 9.º ano da disciplina foi o "mais fácil" desde que a prova se realiza, sublinhando que algumas questões poderiam ser respondidas por alunos do 2º ciclo. Também a Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) criticou o reduzido grau de dificuldade do exame, sublinhando que "a nivelação por baixo" poderá ter custos futuros "muito graves".

"Na generalidade, a prova é mais acessível e mais fácil do que nos anos anteriores. Algumas questões poderiam ser resolvidas por alunos do 2º ciclo", defendeu Sónia Figueirinhas, vice-presidente da APM.

Perto de 100 mil alunos realizaram hoje o exame nacional de Matemática, que se realiza desde 2005. O ano passado, 72,8 por cento dos estudantes tiveram nota negativa, quando em 2006 a percentagem de chumbos no teste situava-se nos 63 por cento.

"Em algumas questões ficou aquém das competências e conhecimentos que os alunos no final do 9.º ano deveriam ter. Se em exames anteriores as questões eram mais elaboradas e difíceis, não há razão para que este ano também não fossem", acrescentou.

Sublinhando que o exame "não tem erros" e que os 90 minutos, mais 30 de tolerância, estão adequados para a realização da prova, a responsável salientou que em relação à geometria, por exemplo, o exame aponta "mais para nomes do que para competências".

"Há questões que outros ciclos de ensino saberiam resolver de certeza, mas a prova é sobre os conteúdos leccionados no 7.º, 8.º e 9.º ano", lamentou.

Assim, a Associação de Professores de Matemática espera que haja "uma grande melhoria" nos resultados em relação a 2007, mas sublinha que as provas "não são comparáveis".

Já na quarta-feira, a APM lamentou que o exame nacional de 9.º ano da disciplina, realizado nesse dia, incluísse matéria do 2º ciclo (5.º e 6.º ano), considerando que esta opção pode ser "excessivamente fácil para os alunos".

SPM diz que prova foi das mais elementares dos últimos anos

À semelhança da APM, também a Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) considerou que o exame nacional do 9.º ano da disciplina foi um dos mais fáceis. "No seu conjunto, o nível desta prova é certamente dos mais elementares - se não o mais elementar - produzidos nos últimos anos nas provas nacionais de Matemática. Se é verdade que muitos alunos e alguns pais podem ficar satisfeitos com o facto, e se é verdade que seja positivo que os jovens vejam as questões matemáticas como alcançáveis, os custos futuros podem ser muito graves", defende a sociedade em comunicado.

Sublinhando que a prova não tem "erros científicos nem formulações duvidosas", a SPM critica, porém, que aos alunos do final do terceiro ciclo deveria "exigir-se" outro tipo de dificuldade, exemplificando com a questão 1, "que se resolve contando pelos dedos", a 3, que "pode ser facilmente resolvida por alunos do 1º ciclo", ou a 6, que "envolve percentagens tão simples que qualquer aluno do 2º ciclo deveria ser capaz de resolver".

"Os conhecimentos testados não estão ao nível do que se deveria esperar de um aluno no final do Ensino Básico. Não são avaliados importantes tópicos que devem ser dominados no 9º ano, como sistemas de equações, proporcionalidade inversa, polígonos e áreas de polígonos", entre outros.

Segundo a sociedade, não há em geral nenhum problema em introduzir num teste problemas de matérias de anos anteriores. No entanto, acrescenta, isso não deve ser feito sistematicamente e quando feito deve recorrer-se a conceitos, técnicas e algoritmos correspondentes ao nível mais avançado. "Alguns jovens vão terminar aqui os seus estudos. Outros vão prossegui-los no ensino secundário. Nem uns nem outros podem concluir estar bem preparados para os anos que os esperam pelo facto de conseguirem resolver satisfatoriamente este enunciado", acrescenta.