Considerando que o Ministério da Educação tem desprezado o sentir e o pensar dos agentes, professores e educadores, que diariamente trabalham nas escolas, dando o seu melhor em prol da educação dos jovens;
Considerando que o Ministério da Educação tem manifestado uma obstinação incompreensível em relação a um modelo de avaliação que necessita de simplificação sempre que tenta ser aplicado, com itens não testados, excessivamente burocrático, cujos méritos para a melhoria da qualidade do ensino são, no mínimo, bastante discutíveis;
Considerando admissível que a avaliação tenha consequências na progressão, com ritmos diferenciados para os desempenhos de Muito Bom e Excelente, o que não é admissível, porque injusto e desmoralizador do mérito e, como tal, em desacordo com as finalidades da Avaliação, que apesar de desempenho superior, a progressão esteja limitada administrativamente.
Os professores e educadores das Escolas do Distrito de Braga, reunidos em plenário, no dia 11 de Dezembro, acordaram na redacção desta carta reivindicativa:
Exigimos, dos responsáveis governativos, quer nas palavras, quer nos actos, o respeito pela dignidade da função docente;
Exigimos que, nas negociações entre o Ministério da Educação e a Plataforma Sindical, se encontrem soluções políticas que reponham a dignificação da profissão docente e a revogação de outras que a põem em causa;
Exigimos que se prestigie o acto de ensinar e que se honre o ofício docente, como um factor civilizacional imprescindível.
Pretendemos:
- A revogação da figura do professor titular, o fim da divisão entre professor e professor titular e, concomitantemente, manifestamos o total desacordo pelo princípio da hierarquização da carreira em categorias. Todos somos titulares do nosso ofício.
- A suspensão do modelo de avaliação do desempenho aprovado unilateralmente pelo ME e a sua substituição por uma avaliação que, realmente, permita a melhoria do desempenho e promova as boas práticas.
- Que a solução encontrada, quer para o regime transitório de avaliação, quer, eventualmente, para um novo modelo de avaliação, respeite integralmente a componente científico-pedagógica da função docente.
- Que a Plataforma Sindical mantenha o essencial das moções aprovadas na manifestação de 8 de Novembro, e das moções aprovadas ao nível de escola, e que passa necessariamente pela suspensão deste modelo de avaliação de desempenho e o fim da divisão na carreira.
- Tomar parte nas decisões eventualmente acordadas, na reunião de 15 de Dezembro, ou outras, nomeadamente, através de um referendo realizado nas escolas.
- Manifestar, veementemente, o nosso protesto quanto às inaceitáveis formas de pressão e intimidação que o ME e as suas estruturas, nomeadamente, as Direcções Regionais, as Equipas de Apoio às Escola e a DGRHE, têm tido em relação aos professores e em relação aos órgãos democraticamente eleitos nas escolas, em matéria relativa à avaliação de desempenho.
- Manifestar o profundo repúdio pela atitude incongruente da tutela que avança para uma reunião dita de “agenda aberta”, mas assumindo sempre e publicamente uma posição de intransigência, impeditiva de qualquer negociação de boa-fé;
- Denunciar a “bondade” das “soluções” apresentadas recentemente pela tutela, já que aportam novas dificuldades às escolas, ao remeter para elas a solução de um problema que existe de raiz no modelo – a falta de formação dos avaliadores para o exercício dessas funções – e secundariza a componente científico-pedagógica da avaliação, aquela que efectivamente pode promover a melhoria da qualidade do desempenho docente e, por extensão, a melhoria da qualidade do ensino.
- Que as instituições representativas do Estado se comportem ao nível do que se espera delas. Repudiamos, deste modo, o comportamento de alguns deputados da Nação que, no momento, em que podiam ter resolvido este problema delicado do futuro da Escola Pública, e da classe profissional que a torna possível, irresponsavelmente, faltaram a essa votação. Repudiamos também, a forma indigna como os responsáveis do Ministério têm, sistematicamente, tratado os professores e educadores da Nação, menosprezando as suas legítimas expectativas de carreira e de uma avaliação de desempenho justa, credível e realista.
- Que o Poder Político dê resposta a essas expectativas e aspirações, no respeito pelo sentir dos governados, no respeito pela participação democrática e no respeito pelos interesses da Escola Pública.
P’lo Plenário de Professores e Educadores do Distrito de Braga
Cristina Vasconcelos
Daniel Martins
Fátima Inácio Gomes
José Rui Rebelo
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