Manuela Teixeira foi presidente da Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE) durante 22 anos e da UGT durante cinco. Em 2004, reformou-se do movimento sindical. Não tem saudades. Hoje goza "uma vida muito mais simpática", diz. No dia 8 de Março, na Marcha da Indignação, lá estava na "cabeça" da manifestação, à frente de 100 mil professores. Lecciona no Instituto Superior de Educação e Trabalho (ISET), no Porto, e desenvolve investigação na área da sua especialização, Administração Educacional. Reformou-se dos sindicatos, mas não do ensino. Nas próximas semanas, vai lançar um novo questionário, que retoma uma das questões abordadas no seu doutoramento perguntar aos professores se estão satisfeitos com a carreira ou se gostariam de mudar. Em 1992, a percentagem de satisfação era de 80%. Hoje, Manuela Teixeira acredita que os resultados seriam bem diferentes. "Nunca deixei de dar aulas, mesmo quando liderava a FNE. O ensino sempre foi a grande paixão da minha vida. O sindicalismo a de segunda linha, embora muito intensa. Como sempre ensinei no privado, tive a flexibilidade de ter só uma turma por ano". Quando deu a última aula no Secundário, subiu as escadas do Externato Nossa Senhora do Perpétuo Socorro "a chorar". A decisão de sair da escola foi "dolorosa", mas impossível de contornar "eram demasiadas tarefas". Assumia, então, a presidência da UGT, mas o ISET dava os primeiros passos e a professora de Matemática mudou-se para o ensino superior e passou a receber docentes-alunos. "Hoje gosto de ir sabendo da escola pelos professores". Dar aulas a meninos "já não era capaz". Manuela Teixeira não tem dúvidas de que a formação dos professores deve mudar, por forma a serem preparados para novas realidades, como a indisciplina e violência. "A sociedade mudou mais rapidamente do que o sistema. O ministério deveria estancar a hemorragia legislativa e deixar as escolas encontrarem os seus próprios caminhos". A antiga sindicalista concorda com a avaliação dos docentes, mas considera que o novo regime "não vigorará mais tempo do que Lurdes Rodrigues". Para Manuela Teixeira, a avaliação dos professores deveria estar ligada à das escolas. Quanto à recomendação da OCDE para que os estados optem por alternativas às reprovações, também considera que os chumbos "não resolvem nenhum problema". Para a diversificação dos percursos são necessários, sustenta, "mais professores nas escolas". | |||
Manuela Teixeira Ex-presidente da FNE e da UGT |
bem feito!
Há 8 anos
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