Caros colegas,
Na reunião do dia 23, nas Caldas da Rainha, a nossa associação passou a ser uma realidade. Os dois nomes para os quais se inclinou a maioria dos professores presentes são: em primeiro lugar, Associação em Defesa do Ensino e, em segundo, Associação em Defesa da Educação. Teremos de ver se a primeira das designações será aceite na Conservatória do Registo Nacional de Pessoas Colectivas. Mas esse é apenas um pormenor. O importante é que aprovámos um programa de acção imaginativo, inovador nalgumas das suas iniciativas, potencialmente incómodo para o triunvirato que tem dominado o Ministério da Educação, e um desafio para todos nós, pois o seu sucesso depende do envolvimento de todos.
O polivalente da Escola Secundária Raul Proença, nas Caldas, conseguiu abarcar os cerca de 500 professores que vieram de regiões do país muito diversas. Estavam lá professores do Porto, de Famalicão, de Barcelos, de Braga, de Aveiro (nomeadamente os colegas que organizaram a vigília que foi objecto de notícia nos telejornais), de muitas zonas do centro, de Lisboa, de Sintra, da Amadora, de várias terras da margem sul e até do Alentejo. Isto indica que, sem estruturas sofisticadas e sem apoios especiais, conseguimos criar uma rede de vontades.
A reunião foi longa, cerca de quatro horas, já que a ordem de trabalhos era extensa e exigente. Os debates foram genuínos, intensos e muito participados. Futuramente, teremos de fazer um esforço para conciliar a espontaneidade da democracia participativa com a necessidade de um maior rigor organizativo – um compromisso de que carecemos, pois ainda estamos a (re)aprender a cidadania, da qual temos andado alienados durante todos estes anos em que a apatia colectiva se foi instalando entre nós como uma gangrena que destrói o próprio cerne da democracia.
O nosso movimento, bem como outros que estão a irromper no país, é uma realidade sociológica nova, conforme o Paulo Guinote sublinhou no seu blogue (www.educar.wordpress.com). Num país com uma sociedade civil tradicionalmente passiva e inerte e com uma fraquíssima capacidade de auto-organização dos cidadãos, entregue a poderosos interesses oligárquicos, é de aplaudir a emergência de movimentos que não estão a nascer de agendas partidárias e que se constituem para aprofundar a defesa de valores: o valor da escola pública, com um ensino inclusivo mas exigente, o valor da docência enquanto condição para a transmissão intergeracional de saberes, o valor da dignidade profissional de quem tem consciência da sua centralidade no sistema educativo e de quem recusa ser um mero amanuense sujeito ao autoritarismo, arbitrário e autista, do Ministério da Educação.
Ganhámos já projecção mediática: fizemos notícia, os jornais e as rádios falaram de nós. Agora temos de continuar. Não podemos baixar os braços. O nosso objectivo não é simplesmente a demissão desta equipa ministerial. É, acima de tudo, a revogação total das suas políticas e do quadro legislativo que as sustenta. Se a ministra for demitida e essas políticas continuarem de pé, não conseguimos vitória alguma. Por isso, há que não ter ilusões: o combate vai ser duro e mais longo do que gostaríamos de imaginar. Mas, no fim, pode estar a diferença entre trabalharmos num ambiente opressivo e degradante ou trabalharmos num espaço onde nos sintamos motivados e realizados como profissionais.
Em breve vos enviaremos o programa de acção que foi aprovado – e que é sensivelmente idêntico à proposta que fizemos circular, com algumas alterações e adendas importantes sugeridas por diversos colegas. E está também para breve o anúncio do novo “site” da associação.
Quero aproveitar para agradecer a todos pela participação e pela força que têm dado a este movimento.
Mário Machaqueiro
7 comentários:
Em Inglaterra há escolas EB2.3 do Unificado
Os alunos das escolas entre os 10 e 16 anos
- Usam uniforme
- Cumprem horário
- Não há campainha ( famosa cabra!)
- Há prémios para os melhores
- Há castigos para os mal comportados
- Cumprem as regras
- São educados para o reconhecimento da autoridade
- E para o respeito da hierarquia
- Não precisam de toque da campainha para ir para as aulas
- Não arrumam os materiais em algazarra
- E ao som estridente da cuja (campainha - cabra!)
- Desde pequenos aprendem a regularem-se pelo relógio!
E para eles é normalmente correcto que assim seja!
- Estes miúdos e professores têm aulas apenas de 60 minutos!
- Entram ás 8.30 h e saem às 14.40 h.
- Estes alunos e professores têm tempo para viver além da Escola: para ler,brincar,
estudar, conviver, fazer desporto, etc.
Estes alunos não têm mais insucesso do que os portugueses,
Pelo, contrário, de forma geral mostram muito maior domínio das competências básicas!!!
PORTUGAL É O ÚNICO PAÍS DA COMUNIDADE EUROPEIA COM AULAS DE 90 MINUTOS!
O único país em que os alunos passam tantas horas na escola!
O único país onde vigora a treta educativa de que somos todos iguais e temos todos os mesmo direitos!
Na Inglaterra os miúdos crescem aprendendo e compreendendo que o professor é o detentor da sabedoria, de poder conferido por um estatuto profissional, que deve ser respeitado e obedecido.
Os mais pequenos miúdos de onze anos com o seu uniforme de calças pretas e camisola azul-turquesa, respeitam até o seu delegado de turma que, para se distinguir usa … gravata!
Os caminhos seguidos pela Educação de 1974 para cá devem levar-nos a uma reflexão!!!
O retrato do reino unido não é muito diferente do de outros países onde a educação funciona bem (à excepção do "folclore" do uniforme - que em portugal, no superior, assume a forma de capa e batina)...
O que realmente é sui generis no nosso país é ser uma associação de pais quem mais influencia e apoia a política deste ME, que os alunos permaneçam encarcerados na escola das 8.25 às 18.20 e que a isto se chame "escola a tempo inteiro".
É evidente que com quase 10 horas de aulas diárias, não é possível que os alunos se mantenham atentos em todas elas.
E o trabalho/estudo individual?
E o tempo para brincar? (com esse não há problema, brinca-se nas aulas...)
E o estar com a família?
...
manuel m
"Quero aproveitar para agradecer ..."
Mário Machaqueiro
Não tem que agradecer. Não estamos a fazer favores a ninguém.
Não gosto que alguém comece a agradecer sem qualquer motivo.
Nunca gostei que os órgãos directivos me agradecessem quando trabalhava "a desoras" para a escola.
Dito isto, compreendo que a força dos costumes leve a esses deslizes. Mas o mpr terá de ser inovador na atitude, na luta e na linguagem.
O poder em degadação agradece. Os sindicatos, infelizmente, por vezes, também agradecem... Mas o mpr não pode andar a agradecer a professores revoltados. Se começar assim, degenerará em breve. E nós não queremos!
Em vez de agradecer escreva abraçar, beijar, manifestar o meu entusiasmo... Ou outros mais imaginativos. Mas não agradeça!
Depois de ler os escritos que constam neste blog, começo a acreditar que podemos virar o rumo dos acontecimentos, mas temos que agir determinados e de forma célere,por isso aguardo com expectativa a divulgação das iniciativas aprovadas nas Caldas da Rainha.
Cumprs
Sérgio Fonseca
acredito que seremos capazes de dar a volta aos muitos "disparates" que tentam fazer ao sistema de educação. Mas temos de estar muito atentos e essencialmente muito unidos.
Maria figueiredo
Em Portugal:
-Alguns alunos insultam e ofedem os profs., tal como a Cinistra, sua equipa maravilha e o chefe supremo Quero-Posso-E-Mando;
-Há funcionárias que nem sequer respondem ao bom-dia dos professores, tal é o desrespeito pelo docente;
-O prof. em vez de leccionar é bombardeado com despachos e contra-despachos, porcarias, perdão portarias e contra-portarias do iluminado Valter e companhia, que chega a vomitar 5 despachos logo ao levantar;
-Más condições na escola, para professores e alunos - há dias vi-me grego para imprimir uma folha para trabalho escolar;
-Enorme stress e desgaste na escola, não é por acaso o elevado número de professores e funcionários com depressão;
-Falta completa de apoio pedagógico e social, coitados dos desterrados que têm de alugar casebres e comer o pão que o diabo amssou, indo para regiões inóspitas onde por vezes é mal recebido e apanha com brutalidade e falta de civismo;
-Por fim -apesar de haver muito mais a dizer no meio desta desorganização da educação, da responsabilidade da tutela- o prof. não pode, praticamante, faltar, nem por estar doente.
João
Rio Maior
Continuem, continuem, para que todo o País possa confirmar aquilo de que já se suspeitava, a falta de nível a todos os títulos) dos professores que alinham (e só esses) nesta chuchadeira.
Com os elevados gastos na educação (em percentagem do PIB) e os péssimos resultados obtidos, querem que o desbarato prossiga.....um bocadinho, só um bocadinho, de bom senso não lhes ficava mal!
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