Os professores e educadores portugueses têm vindo a ser vítimas de uma política que os desconsidera e que desvaloriza o seu trabalho, tentando colá-los a uma imagem de incompetência e de desinteresse pelo sucesso educativo dos seus alunos. Nunca como agora a imagem social e profissional dos professores foi tão atacada.
No quadro de uma estratégia visando controlar administrativamente os docentes, a avaliação do desempenho imposta pelo ME, para lá do seu carácter burocrático e economicista, no qual é clara a intenção de bloquear o acesso ao topo da carreira para a esmagadora maioria dos docentes, tem vindo a provocar grande instabilidade e perturbação nas escolas, fruto da obstinação e da falta do mais elementar bom senso por parte do Ministério da Educação.
Assim, o ME, para lá de manter uma postura anti-negocial, que o levou a não negociar matérias que, neste âmbito, eram de negociação obrigatória, persiste em aplicar um processo de avaliação do desempenho com calendários de aplicação completamente irrealistas, recusando até uma proposta da FENPROF no sentido de que, no ano lectivo em curso, fosse constituída uma amostra que testasse o novo regime e as fichas que fazem parte desse processo.
Em acréscimo, o SPN e a FENPROF consideram que este processo é marcado por ilegalidades, que levaram os sindicatos da FENPROF e outras organizações sindicais a interpor providências cautelares visando criar condições para a reposição da legalidade, assumindo a maior relevância o facto de, pelo menos, duas dessas providências terem sido deferidas pelos tribunais, o que implicaria a suspensão de todo o processo de avaliação do desempenho, como condição para a estabilidade nas escolas e no exercício profissional dos professores.
Por outro lado, têm vindo a ser introduzidas alterações no horário dos professores, que se estão a traduzir numa sobrecarga de trabalho, com implicações negativas no desgaste profissional, na burocratização da sua actividade e em dificuldades crescentes no desenvolvimento do trabalho com os alunos. Em muitos casos, a situação tem levado a jornadas de trabalho que ultrapassam as 35 horas semanais legalmente consagradas, reduzindo drasticamente os tempos para preparação e acompanhamento das aulas, só possíveis com grave prejuízo da vida pessoal e familiar.
Finalmente, e para lá de muitos outros problemas profissionais entre os quais se destacam a crescente precariedade e desemprego para milhares de professores e as ameaças ao futuro profissional e pessoal de muitos professores incapacitados e em risco de serem atingidos pela mobilidade especial, a imposição de uma prova de ingresso na profissão que se assume como mais um filtro destinado a atirar para fora do sistema muitos docentes, o ME tenta impor um novo regime de gestão das escolas que, sendo mais um instrumento posto ao serviço do controlo da profissão docente (introduz o último elo dessa cadeia de controlo ? o regresso dos antigos reitores), pretende terminar liminarmente com o funcionamento democrático das escolas, consagrando um modelo que desrespeita os princípios de elegibilidade, colegialidade e participação desde sempre defendidos pelo SPN e pela FENPROF e que, ainda que maltratados, são o que resta do 25 de Abril na gestão escolar.
Neste contexto, os professores e educadores presentes no Plenário promovido pelo SPN no dia 12 de Fevereiro, no Porto, exigem:
- uma avaliação do desempenho efectivamente orientada para a melhoria do trabalho e do desenvolvimento profissional dos professores, pelo que defendem que o processo em curso seja repensado, por forma a garantir que essa avaliação tenha incidência positiva no trabalho escolar e não constitua, como pretende o ME, um factor de perturbação e instabilidade nas escolas;
- uma gestão das escolas que reforce a democraticidade na organização escolar e respeite os princípios de elegibilidade, colegialidade e participação;
- um horário de trabalho compatível com um desempenho profissional qualificado.
No sentido de dar corpo a estas exigências, os professores e educadores presentes decidem propor à FENPROF:
- A realização, na área do SPN, de iniciativas de carácter regional e distrital que se constituam como formas privilegiadas de os professores darem a conhecer à opinião pública as razões do seu protesto;
- A promoção de tomadas de posição de escola no sentido de alargar o movimento de protesto dos docentes contra a política educativa deste governo;
- A realização de uma grande manifestação nacional de professores e educadores.
Finalmente, os docentes presentes no Plenário promovido pelo SPN, afirmam a sua participação activa em todas as iniciativas a definir pelo SPN e pela FENPROF que vão no sentido de lutar pela defesa da valorização da profissão docente e de uma escola pública de qualidade.
Porto, 12 de Fevereiro, 2008.
Os professores e educadores presentes no Plenário Regional promovido pelo SPN, no Porto, no dia 12 de Fevereiro de 2008.
8 comentários:
Meus caros.
Pela minha parte, fico desde já sem vontade nenhuma de me meter em qualquer coisa que este "Movimento dos Professores Revoltados" se proponha a fazer.
Já começo a ler demasiadas coisas de sindicatos! Deste tipo de discurso já estou farto.... sindicatos, implicam ideias partidárias.... e isso, mata logo qualquer iniciativa, uma vez que hão-de relacionar este Movimento com essas ideologias sindicais.
Foi-se a pureza!!
Assim não "brinco"... o jogo está viciado!
Estou disposto a fazer das tripas coração e até arriscar a carreira por uma causa nobre... mas sem jogadas partidárias ou de sindicatos. E isto está já a cheirar-me a manipulação. Posso ser professor, mas ainda não me considero burro!
Caro colega Geodiver,
É com enorme satisfação que temos verificado a tua participação constante e positiva a este Movimento.
E como referimos no BLOG dia 10 de Fevereiro ... O MovimentoProfessoresRevoltados lá estará para ouvir...
Assim sendo, o propósito deste Bolg, para além de ser uma FORÇA ACTIVA para o bom funcionamento das actividades que vamos brevemente iniciar, é também esclarecer os colegas sobre a actualidade dos desenvolvimentos quase diários que esta LUTA nos proporciona.
Mas para que esta LUTA tenha o final desejado, não basta apoiar-nos de longe, pois este movimento só irá para a frente com a participação e o envolvimento directo de todos. Lembramos que não temos qualquer filiação partidária, nem a mais pequena agenda secreta. A associação que queremos formar não será um organismo fechado, centralista e com um programa acabado. Ela será o que tu, e todos nós, quisermos que seja.
E NÃO TEMOS QUALQUER LIGAÇÃO PARTIDÁRIO OU SINDICAL.
Esperamos que participes activamente ao nosso lado com o empenho que tens demonstrado até à data.
Saudações Revoltosas e até breve!
Geodiver, se não te consideras burro pareces! Qual ideias partidárias qual quê, temos aqui uma situação bem grave para resolver e, não estando aqui a defender ninguém, se não for com a ajuda dos sindicatos quem te vai valer na defesa dos teus interesses, a ministra da educação ou o Sócrates? Se não és burro pareces, volto a repetir!
És concerteza dos que estando na escola, passam o dia a ratar das políticas erráticas desta caricatura de governo, mas que na altura exacta pactuas com tudo porque não és burro. Não, eu e os que se manifestam pela defesa dos "teus" direitos é que devem ser.
Por pessoas assim é que temos quem temos no poder e estamos como estamos.
Peço desculpa aos responsáveis do blog pela postura agressiva, mas ando a chegar ao limite e pessoas com este discurso enervam-me.
Se nos unirmos verdadeiramente estas políticas não passam aqui nem na China.
Nuno Costa, professor de E.V.T.
Este Blog não foi criado para discutirmos, mas para nos organizarmos (Professores e Educadores) de uma vez por todas e LUTARMOS pelos mesmos objectivos.
UNIÃO, INTELIGÊNCIA e SERENIDADE são necessárias.
Este Blog surgiu a partir de momentos de dezespero e frustração, por parte de um grupo de professores dedicados ao ensino com prazer.
Neste momento somos MILHARES e este Movimento tem todas as condições para TRIUNFAR.
DIA 23 de FEVEREIRO será o DIA D.
Em breve terão Notícias!
receio que este movimento só sirva para dividir mais os professores. Não percebem que dizer mal dos sindicatos de professores é dizer mal dos professores? passamos a vida a dizer mal uns dos outros, a causar divisões, a criar grupinhos. Assim não vamos a lado nenhum. Também eu me sinto decepcionado com os resultados da luta sindical. mas o problema será dos sindicatos ou do estilo governamental que outra coisa não tem feito senão manietar os sindicatos usando e abusando dos super poderes que tem?
pensem neste assunto e promovam acções para unir os professores e não para os dividir.
Vamos lá a ver se me faço entender.
A situação nunca esteve tão mal. É um facto.
A parte laboral é cada vez mais castradora e afasta-se dos propósitos daquilo que deve ser a educação. É um facto.
para estes assuntos já existem organizações que não estão paradas e tentam, à sua maneira, o melhor que podem para ultrapassar os efeitos nefastos destas políticas. É outro facto. Para isso, estas organizações - os sindicatos - contam com a ajuda de todos os professores. Cabe a nós todos ajudá-los, ajudando-nos. É certo que é um pouco irónico, (eles) falarem em união entre professores, quando não conseguem eles próprios unirem-se em apenas 1 ou 2 forças de peso e com representação de "respeito".
Logo, que adianta mais este movimento para no final de contas fazer aquilo que já outras organizações estão a fazer ?
É verdade que sou considerado burro. Sou porque nunca alinhei no sistema, sou porque tenho a minha vida sempre lixada, quando vejo à minha volta o resto da malta a entrar no caminho do facilitismo, do passar alunos, do trabalhar também para os números, para, enfim, não ter trabalhos e chatices. Também o podia fazer e não teria tantos problemas profissionais e, indirectamente, familiares, mas nunca o fiz.... sendo por isso, aquilo que consideram um burro.
Este movimento foi para mim uma esperança, pois preocupo-me muito mais com a pratica lectiva. É neste aspecto que o futuro da nação está a ser penalizado...com mais ou menos injustiças laboriais, é na prática lectiva que se estão a cometer os maiores erros, e nós, estamos a ser os cumplíces...os executore dessas práticas!!!
Os sindicatos, nunca se intrometeram, nem é o seu papel, nas práticas lectivas!!! A parte da didáctica não é o seu campo de acção.
Aqueles que estão à espera de se "unir" aos sindicatos paraque a parte didactica se altere, bem podem esperar sentados.
Cabe a nós, à falta duma Ordem (que tanto medo causa aos sindicatos - não sei bem porquê) preocuparmo-nos com a prática lectiva.
Por isso acho que neste aspecto, devemos unir-nos e fazer algo. As coisas nascem!
Os sindicatos surgiram de união. Só que eles surgiram para coisas laborais.
Porque não fazermos nascer através deste movimento, algo que defenda a parte lectiva?
Porque sei (já fui sindicalista, sempre pertenci, e continuo a pertencer a sindicato) que não é o seu campo de acção a pratica lectiva, custa-me estar a ler neste espaço, uma espécie de propaganda camuflada às suas acções.
Claro que cada um é livre de colocar posts aqui sobre o que quiser, desde que respeite as liberdades dos outros. Apenas acho que para coisas de sindicatos, há um espaço próprio. E este não é (acho eu ?) um espaço de dar a conhecer as acções sindicais.
Acho que entendo o Geodiver. Percebo os preconceitos que tem contra os sindicatos, mas esta não é a altura de os hostilizar.
Na verdade as pequeníssimas vitórias que alcançámos contra esta equipa de casmurros do ME, foram conseguidas com o empenhamento de todos os sindicatos e professores que neles confi(ar)am e não por movimentos avulsos ou discursos/conversas de sala de profes, inflamad@s mas inconsequentes.
Não é tempo de free-lancers, isso é o que o ME pretende...
Sobre este(s) movimento(s) fico contente com o seu aparecimento desde que, como aconteceu ontem no Porto, ele sirva para unir e reforçar a classe.
Sobre o centro da nossa actividade que é a sala de aula, as reformas burocráticas em curso nada alterarão pois continua(re)mos com alunos desmotivados e profes cansados.
manuel m
Meus senhores, contra a ditadura só a união e a organização! Porque não a criação da "Ordem dos Professores"? Um organismo que defendesse verdadeiramente os interesses da nossa classe e não dos partidos políticos que marionetizam os sindicatos à custa dos vencimentos de uns poucos que ainda acreditamos no valor da democracia e da liberdade de expressão que Abril nos trouxe? Porque continuamos a ser coniventes com estes gajos? que socialismo da treta é este? Quanta prepotência! Ensaiamos uma cegueira colectiva e já desconhecemos a máxima: dividir para reinar.
Perdemos a capacidade de pensar? Somos tão iliterados que já n sabemos interpretar as tristes blafémias e podres intenções de quem nos quer comer as papas na cabeça, à custa do populismo destas podres medidas, que afinal, agradam a quem? Aos futuros criadores e directores das escolas privadas que estão na forja.É este o anel que teremos de devolver à forja, qual irmandade do anel, precisamos de um "Sr. Frodo", ou então, buga mas é paralizar as escolas durante um período considerável que lhes faça perder umas valentes noites de sono! Enfraquecendo a fera ela ruirá afogada no seu próprio feitiço. Será que não os demoveríamos com uma paralização mensal?
Ou então declaramo-nos ibericistas deixamo-los a governar as cadeiras dos seus ministérios e pedimos colocação nas escolas do país vizinho , lá pelo menos valorizam a profissão docente e a cultura, respeitam os pensionistas - a começar pela designação de ancianos -
Aqui seremos velhos, mais velhos que os trapos, uns despojos humanos com artroses e osteoporoses, cancro e outras maleitas a arrastarmo-nos para as escolas, a sucumbirmos diante de uns alunos que tão bem conhecem os seus direitos, mas que nunca ouviram falar em deveres... é esta a tão falada qualidade de ensino?
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