Vou contar pela primeira vez um episódio que esteve na génese do processo de avaliação de desempenho dos professores.
O secretário de estado, Valter Lemos, que eu conheço desde os tempos em que estudámos juntos na Boston University, já lá vão 24 anos, pediu-me para reunir com ele com o objectivo de o aconselhar nesta matéria. Tenho de confessar que fiquei admirado com o conhecimento profundo e rigoroso que Valter Lemos mostrou ter da estrutura e da organização do sistema educativo português.
Enquanto estudante, habituara-me a ver em Valter Lemos um aluno brilhante e extremamente trabalhador, qualidades que mantém passados tantos anos. No início, fui um entusiasta da avaliação de desempenho dos professores pois considerava que manter o status quo era injusto para os professores mais dedicados e competentes.
Nessa altura, eu encarava a avaliação dos professores como um factor de diferenciação que pudesse premiar os melhores e incentivar os menos competentes a melhorarem o seu desempenho. Fiz algumas reuniões de trabalho com a equipa técnica do ME e logo me apercebi de que a Ministra da Educação estava a engendrar um processo altamente burocrático, subjectivo, injusto e complexo de avaliação do desempenho que tinha como principal objectivo domesticar a classe e forçar a estagnação profissional de dois terços dos docentes. Ao fim de duas reuniões, abandonei o grupo de trabalho porque antecipava o desastre que estava a ser criado. Nas reuniões que eu tive com a equipa técnica do ME, defendi a criação de fichas simples, com itens objectivos, sem a obrigatoriedade da assistência a aulas, a não ser para os casos de professores com risco de terem um Irregular ou um Regular, e com um espaçamento de três anos entre cada avaliação.
Hoje, passados três anos, considero que se perdeu uma oportunidade de ouro para criar uma avaliação de desempemho dos professores realmente objectiva, justa, simples e equilibrada. Em vez disso, criou-se um monstro que vai consumir milhões de horas de trabalho nas escolas e infernizar a vida de muitos professores, roubando-lhes a motivação e a energia para a relação pedagógica e a preparação das aulas.
O secretário de estado, Valter Lemos, que eu conheço desde os tempos em que estudámos juntos na Boston University, já lá vão 24 anos, pediu-me para reunir com ele com o objectivo de o aconselhar nesta matéria. Tenho de confessar que fiquei admirado com o conhecimento profundo e rigoroso que Valter Lemos mostrou ter da estrutura e da organização do sistema educativo português.
Enquanto estudante, habituara-me a ver em Valter Lemos um aluno brilhante e extremamente trabalhador, qualidades que mantém passados tantos anos. No início, fui um entusiasta da avaliação de desempenho dos professores pois considerava que manter o status quo era injusto para os professores mais dedicados e competentes.
Nessa altura, eu encarava a avaliação dos professores como um factor de diferenciação que pudesse premiar os melhores e incentivar os menos competentes a melhorarem o seu desempenho. Fiz algumas reuniões de trabalho com a equipa técnica do ME e logo me apercebi de que a Ministra da Educação estava a engendrar um processo altamente burocrático, subjectivo, injusto e complexo de avaliação do desempenho que tinha como principal objectivo domesticar a classe e forçar a estagnação profissional de dois terços dos docentes. Ao fim de duas reuniões, abandonei o grupo de trabalho porque antecipava o desastre que estava a ser criado. Nas reuniões que eu tive com a equipa técnica do ME, defendi a criação de fichas simples, com itens objectivos, sem a obrigatoriedade da assistência a aulas, a não ser para os casos de professores com risco de terem um Irregular ou um Regular, e com um espaçamento de três anos entre cada avaliação.
Hoje, passados três anos, considero que se perdeu uma oportunidade de ouro para criar uma avaliação de desempemho dos professores realmente objectiva, justa, simples e equilibrada. Em vez disso, criou-se um monstro que vai consumir milhões de horas de trabalho nas escolas e infernizar a vida de muitos professores, roubando-lhes a motivação e a energia para a relação pedagógica e a preparação das aulas.
6 comentários:
E do mesmo autor....
O ME ignorou os sindicatos no processo de diálogo e negociação sobre a aprovação do n0vo diploma; O Conselho de Escolas, organismo criado pelo ME e da sua inteira confiança, passou a ser o interlocutor privilegiado do ME no processo de definição e negociação das políticas educativas; a CONFAP colou-se inteiramente às posições do ME e ganhou o estatuto de parceiro privilegiado do Governo na luta que este trava contra os professores; a participação dos pais no Conselho Pedagógico, o único órgão verdadeiramente técnico da escola, o único que não é contaminado pelo jogo dos equilíbrios políticos, constitui mais uma ameaça à autonomia pedagógica dos professores e uma potencial fonte de pressão no sentido do agravamento do facilitismo, do sucesso escolar por via adminsitrativa e da intensificação dos conflitos entre pais e professores; o processo de transição dos actuais Presidentes dos CE está assegurado e esse processo é fundamental para que o ME consiga concretizar a avaliação de desempenho em curso.
É grave que os sindicatos tenham sido ignorados pelo ME num processo de tamanha importância. Esse facto é mais um sintoma que vem provar a minha tese: estamos a viver um processo gradual de transformação do regime democrático em regime de ditadura tecnoburocrática. O embrutecimento das novas gerações faz parte desse processo.
Estes indivíduos do "poleiro" são mais deficientes que os deficientes....são, ou melhor, querem ser cegos e surdos! Ao menos que sejam também mudos, ficava a trindade completa e sempre não nos massacravam os ouvidos.
Daqui se conclui que as opções do Trio Maravilha não foram tomadas inocentemente nem por ignorância. Tiveram quem os aconselhasse bem e não quiseram ouvir.
Como explicar isto? Só há uma maneira: desde o início do processo os objectivos reais não correspondem aos objectivos declarados. Mais uma semelhança destas políticas educativas com a invasão do Iraque.
Eu ainda tenho esperança que este modelo de "avaliação" não avance porque é demasiado mau, demasiado injusto e HUMILHANTE!
Se kafka ressuscitasse e visse o que esta equipa de sábios do ME engendrou e intitulou de avaliação de desempenho, certamente tinha um AVC.
Concordo com a opinião de Ramiro Marques e pergunto-me porque será que a ME não consegue formar a tal equipa que constituirá o Conselho Científico da avaliação. Bem sei que vários convites, por ela feitos, têm sido declinados... Mas, que diabo, passou-se já um ano e só temos presidente...
Afinal há mais gente sensata neste país do que parece...
Sobre a "marcha da indignação" no dia 8 de Março, opino que era importante que todos fôssemos. Para mim não importa que se tenha "antecipado" a fenprof, o que importa é mostrar ao ME que a nossa indignação existe e não tem cor. Os louros serão dos professores e não da fenprof, da fne, do sindep ou de quaisquer outras organizações.
manuel m
eu vou! levo outro amigo. Traz um amigo tambèm. Multipliquemos a nossa indignação. No dia 8 de Março, é tempo de união.
Outra Maria
Esta história de Valter Lemos(parágrafos 2 e 3 da entrada citada) enche-me de suspeitas. Todo o post, aliás, me cheira a branqueamento. Que vem aí? Novo ministro, com novos secretários de estado? Mais - ou pior - do mesmo?
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