terça-feira, 18 de novembro de 2008

E Se Isto Fosse No Tempo Do Santana Lopes?

despovos

Eu acho que o governo dele caiu por menos. Mas agora tudo é permitido.

Vejamos: um despacho assinado ao domingo, no mesmo dia em que numa entrevista a Ministra afirma que ainda vai estudar o problema. Pois, a entrevista foi dada antes, mas certamente que saberia quando ia sair.

Pior: um despacho que procura esclarecer, mas apenas contradizendo, uma lei emanada do Parlamento, o que é algo inconcebível num estado que se afirma de Direito. Como se o poder executivo pudesse, porque discorda, corrigir a obra do poder legislativo (leram bem… por «legislativo», o qual quer dizer que é ele que faz, em primeira e última instância, as leis) quando bem entendesse.

Mais grave: é um despacho feito após duas barragens de ovos lançados por alunos em actos que todos consideraram condenáveis, carente de civismo e, para os mais histriónicos, anti-democráticos. Ou seja, a a «firmeza» e «determinação» da ministra recuam perante umas quantas omoletas perdidas. E com elas qualquer sentido de Estado, substituído por meros cálculos eleitoralistas, como confessava no sábado Vital Moreira.

Mas o que é mesmo grave é que é um despacho feito com base em justificações mistificadoras e que falseiam a verdade pois o artigo 22º da lei 3/2008 não deixa margem para dúvidas: as faltas eram consideradas «independentemente da sua natureza» e não é qualquer aspirante a assessor ministerial que pode vir ofender as escolas, alegando que elas precisam de «muletas» ou que existia uma «interpretação resiliente da lei».

Quando atingimos este grau de fabricação da verdade, estamos a raspar o fundo do tacho de qualquer cultura democrática e perdem-se todos os referenciais de ética política (sim, por acaso acho que não deviam ser uma miragem…) ou possibilidade de liderar uma sociedade e um país.

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