Entre evidentes receios de uns, e a vontade incontornável de outros professores, em boicotar a pretensão da ministra da Educação, quanto ao polémico processo de avaliação dos docentes, a intervenção do professor Manuel Galrinho, da "Sebastião da Gama" - escola anfitriã desta assembleia – mereceu a ovação da noite, e um "estímulo" a outros estabelecimentos de ensino.
Aquele "veterano" docente anunciou que o Conselho Pedagógico da escola Sebastião da Gama "acaba de decidir suspender o processo de avaliação," desafiando muitos outros Conselhos Pedagógicos a "agirem da mesma forma", uma forma de "fazer parar este modelo imposto pela ministra da Educação, mas que não nos serve," disse.
Esta escola foi, assim, a pioneira da região a suspender a avaliação de desempenho dos professores. Diga-se que, a nível nacional, a "Infanta D. Maria", em Coimbra, foi o primeiro estabelecimento de ensino público a decidir-se por tal medida radical, sendo expectável ser seguida por muitas outras escolas do país.
Cerca de quatro centenas de professores de Setúbal, Palmela e Sesimbra, do ensino básico e secundário, reuniram-se em assembleia, na noite de anteontem, no ginásio da secundária Sebastião da Gama. Recorde-se que, semana e meia antes, esta mesma reivindicação levou ao Largo da Misericórdia, três centenas de docentes.
A intenção desta reunião nocturna foi definir uma estratégia comum para, de acordo com o grupo promotor de interescolas, "fazer parar a monstruosa avaliação" do desempenho dos docentes. Nesse sentido, e após duas horas de debate, acabou por ser aprovada por unanimidade uma Moção.
Diversos professores tomaram a palavra, junto à mesa dos trabalhos, no ginásio escolar da antiga "Comercial e Industrial", onde pontuou Jaime Pinho, um dos organizadores desta concentração e que, no final, congratulou-se com "tantas presenças". Ponto dominador é o desagrado sobre este modelo de avaliação ao desempenho dos professores, mas alguns evidenciaram receios por eventuais processos disciplinares.
Uma professora da escola "D. Manuel Martins" colocou o dedo da ferida ao revelar "haver professores com medo de incorrerem no risco de desobediência", e tentou obter esclarecimentos junto da mesa de trabalhos, onde tomou assento João Trigo, do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa.
O sindicalista concordou que a proposta de Maria de Lurdes Rodrigues "é uma fraude," explicando à assembleia que "a suspensão é um acto reivindicativo, sindical e político, ou seja, tem pouco a ver com as questões legislativas."
MOÇÃO Os cerca de quatrocentos professores reunidos nesta assembleia, aprovaram por unanimidade uma moção que apresenta os seguintes pontos: Desenvolver esforços no sentido de criar grupos por escola/agrupamentos para promover formas de parar o processo de avaliação; Sensibilizar os professores para a necessidade de suspensão deste modelo de avaliação, através de abaixo-assinados; Informar de imediato, após a tomada de decisão, as outras escolas, comunicação social, blogues, sindicatos e Ministério da Educação
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