segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Estudantes do secundário regressam às manifestações na quarta-feira

Professores saem para a rua no sábado
03.11.2008 - 11h49 Lusa
Os estudantes do secundário regressam na quarta-feira aos protestos, de norte a sul do país, contra as políticas educativas. As palavras de ordem são antigas, mas os métodos de mobilização estão mais apurados.

O Dia Nacional de Luta do Secundário foi agendado por associações de estudantes do Porto, mas a ideia é um protesto “descentralizado” um pouco por todo o país. A maior adesão dos alunos deverá verificar-se em Lisboa.

Na capital, a manifestação está marcada para as 10h00 no Marquês de Pombal, com saída 30 minutos depois para o Ministério da Educação, na Avenida 5 de Outubro. A Plataforma Estudantil Directores Não! está a ajudar a dinamizar o protesto.

Nos últimos dias, os membros deste movimento andaram nas escolas de Lisboa, Loures, Oeiras, Odivelas e Sintra a colar cartazes e faixas e a distribuir panfletos. E-mails, mensagens de sms e até a comunidade social virtual hi5 são alguns dos meios que estão a ser utilizados para mobilizar estudantes.

“Nos últimos dois anos, as manifestações em Lisboa têm sido de facto pouco significativas, mas isso não significa que a luta dos estudantes tenha sido menor. Os protestos acontecem agora mais escola a escola, concelho a concelho”, justifica Luís Baptista, um dos coordenadores da Plataforma.

Novo regime de faltas e gestão escolar

O novo regime de faltas e o diploma sobre gestão escolar são as principais razões, “apesar de existirem muitas mais”, para o aluno acreditar numa adesão maior dos estudantes do secundário na quarta-feira, do que a verificada nos últimos protestos.

“O conselho executivo ou o director poderá suspender um aluno por um período de cinco dias sem ter de ouvir o próprio aluno ou o seu encarregado de educação. Há aqui um aumento de poder que na prática não serve para resolver um problema”, afirma Luís Baptista.

Por outro lado, critica o novo regime de faltas e, sobretudo, a obrigatoriedade da realização de uma prova no caso de ser excedido o limite de ausências, independentemente do motivo: “Um aluno pode estar doente, pode morrer-lhe um familiar e para o ministério da Educação isso não tem qualquer peso. Junta-se tudo no mesmo saco.”

Mas os alunos do secundário vão protestar ainda contra o novo diploma da gestão e administração escolar. Lembram que os conselhos executivos, uma direcção colegial, eram escolhidos por um universo que muitas vezes podia chegar aos 200 elementos, enquanto o director, órgão unipessoal, será designado no máximo pelos 20 membros do Conselho Geral, na maior parte dos casos sem ter qualquer contacto com a realidade da escola à qual se está a candidatar.

As críticas ao novo diploma da gestão escolar prendem-se ainda com a abertura da escola às comunidades: “Podemos estar a abrir caminho à entrada de muitos ‘amigos’ de colectividades, movimentos ou associações nas escolas.” Discordam ainda do facto de o Ministério da Educação poder demitir um director, ainda que por despacho fundamentado.

Clima de “cansaço, insatisfação e profunda desmotivação”

Os alunos de cinco escolas secundárias do Barreiro, por exemplo, também vão para a rua na próxima quarta-feira: concentram-se junto à Câmara Municipal cerca das 9h00 e acrescentam outros motivos para o protesto.

“O aumento do preço dos manuais escolares, o regime de faltas que queremos ver revogado, as condições sobre-humanas das escolas, a falta de funcionários auxiliares” são as razões do protesto, afirmou Denise Carvalho, do Movimento dos Estudantes em Luta-Barreiro.

Apesar de afirmar que a questão da avaliação de desempenho deve ser resolvida entre a tutela e os sindicatos, a Plataforma Estudantil Directores Não! garante que os alunos estão a ser prejudicados.

“Não pode continuar nas escolas o clima de cansaço, insatisfação e de profunda desmotivação. Diariamente, os professores desabafam connosco sobre os problemas associados à avaliação e falam em reformas. Não se sente o mesmo ânimo e entusiasmo de outros tempos”, sustenta Vera Sousa, aluna da Secundária Camilo Castelo Branco, em Carnaxide, e um dos elementos da plataforma.

Além dos estudantes, os professores saem para as acções de rua no sábado, para um plenário e uma manifestação agendada pelos sindicatos, e uma semana depois regressam aos protestos, desta vez convocados por três movimentos de docentes.

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