Alguns elementos da organização chegaram a avançar que a manifestação deste sábado teria mobilizado 25 mil professores. Mas as ruas apertadas ente o Marquês do Pombal o Parlamento terão viciado as contas. Nos números finais, a organização descia-os para «mais de dez mil», mais próximo da polícia, que cifrou «em cerca de sete mil» os manifestantes.
Assobios à porta de Sócrates
Números à parte, as palavras de ordem, assobios e lenços brancos foram as marcas do protesto, que começou a ganhar forma às 14h00 e arrancou mais de uma hora depois, com dois pontos de paragem a assinalar.
O primeiro foi o edifício onde vive o primeiro-ministro. José Sócrates, que, se estava em casa, pôde ouvir os apupos que lhe eram dedicados. Se tivesse ido à janela veria cartazes pouco simpáticos. «Política educativa do PSócrates = Fim do Ensino Público», lia-se num.
Dez minutos depois, repetia-se a agitação. Desta vez na sede do PS. Estava previsto um minuto de silêncio, mas voltaram assobios, pedidos de demissão da ministra Maria de Lurdes Rodrigues e um novo ingrediente: lenços brancos.
E foi com eles a acenar que a cabeça da manifestação chegou, pouco antes das 16h, ao Parlamento. Nesta altura, Ricardo Silva, da Associação de Professores e Educadores em Defesa do Ensino (APEDE), que com o Movimento Mobilização e Unidade dos Professores (MUP) organizou a marcha, dizia que seriam 25 mil os professores. Pouco depois a polícia apontava «cerca de 7 mil». No final dos discursos, Mário Machaqueira, da APEDE, baixava a cifra. «Estarão aqui mais de dez mil pessoas».
Encontro nacional
Este docente descreveu disse que este protesto «demonstra que os professores de forma espontânea e auto-organizada sabem vir para a rua fazer ouvir a sua voz» e anunciou que a próxima acção está prevista para 6 de Dezembro, em local hora determinar, mas com Coimbra como sítio provável. «Vamos organizar um encontro nacional de escolas em luta», explicou.
«Fundamental é que se mantenha a resistência dentro das escolas, que os professores não cedam um milímetro, que sejam determinados e que não aceitem qualquer tipo de chantagem», referiu.
Em seguida, os representantes dos movimentos foram recebidos pelos grupos parlamentares do PSD, CDS e BE. Sábado pode ser um dia anormal para receber manifestantes, mas todos os deputados disseram que o estado da educação em Portugal o justifica.
Um sábado parlamentar
«Há muito tempo que não se via esta anormalidade de ter desde o Partido Comunista à Conferência Episcopal de acordo que este modelo de avaliação dos professores não serve a escola», disse o social-democrata José Eduardo Martins, revelando um receio que lhe foi transmitido: «Manifestaram-nos uma preocupação, que nos suscita o maior respeito, de que haja perseguições nas escolas a quem não está a implementar este modelo de avaliação».
Já Pedro Mota Soares, do CDS-PP, sublinhou que as escolas necessitam de «estabilidade». «O CDS já questionou a lógica deste modelo de avaliação, que põe os professores, não nas salas de aula, mas sim a fazer relatórios sobre o trabalho dos colegas», apontou.
Cecília Honório, do BE, disse que «a luta tem de continuar. «Estas medidas que perturbam gravemente o quotidiano das escolas têm de ser radicalmente alteradas», salientou, referindo-se à avaliação de professores e ao estatuto do aluno.
Os restantes partidos também estão dispostos a ouvir os professores. O PS já na segunda-feira.http://diario.iol.pt/sociedade/manif-manifestacao-professores-docentes-parlamento-iol/1013609-4071.html
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