quarta-feira, 9 de abril de 2008

O despacho da simplificação que não chegou a sair

O secretário de estado Jorge Pedreira anunciou, na semana passada, numa das muitas reuniões que teve com os PCEs, que iria assinar um despacho com a versão simplificada da avaliação de desempenho. O despacho ainda não saiu e, estou em crer, não vai sair. E porquê? Porque esse despacho sairia ferido de ilegalidade. Um despacho não pode alterar um Decreto. Ora, tanto o ECD como o Dec Regul 2/2008 têm mais força jurídica do que um qualquer despacho de simplificação. Se esse despacho for publicado, qualquer professor que seja avaliado na versão simplificada poderá interpor uma queixa no tribunal administrativo, contestando a sua avaliação, e, como é óbvio, ganhará. Sem a publicação do despacho da simplificação, serão os PCEs e os presidentes dos CP a responderem pelas infracções. Já alguém meditou nisto? Ou bem que a avaliação vai ser a fingir e, nesse caso, todos os professores terão a classificação de Bom, ou bem que a avaliação vai ser suspensa. A ministra da educação sabe disso. E é essa a razão que explica o seu recuo. É por isso que a Plataforma Sindical vai, amanhã, em clara vantagem, para a reunião. A ministra sabe que a sua teimosia e insensatez pode conduzir à criação de longos processos judiciais contra os PCEs e os presidentes dos CP, movidos por professores descontentes com a classificação que lhes for atribuída. E, se a avaliação simplificada for para a frente, os tribunais administrativos vão dar razão aos contestários e uma grande embrulhada jurídica irá acompanhar o primeiro ciclo de avaliação de professores, manchando este modelo para sempre.

2 comentários:

Anónimo disse...

Do blog Random Precision

Profissão: Professor


O Tribunal de Portalegre condenou o cidadão António Raposo a 18 meses de prisão com pena suspensa pelo crime de usurpação de funções.

Depois de ouvir ler a sentença – de que não vai recorrer – António Raposo abandonou tranquilamente o Tribunal acompanhado pela mulher e não quis prestar quaisquer declarações.

António Raposo estava acusado de ter falsificado os documentos e diplomas comprovativos das suas habilitações.
Depois, e durante mais de 30 anos, deu aulas na Escola Cristóvão Falcão, em Portalegre, e chegou mesmo a presidir por cinco anos ao próprio conselho executivo.

Durante mais de três décadas este “falso professor” deu tranquilamente as suas aulas, provavelmente a milhares de alunos, sem que ninguém se tivesse preocupado com a forma ou a competência com que o fazia.

Durante todo esse tempo este ilustre professor progrediu normalmente na sua carreira, tal como todos os seus restantes colegas – e sem que ninguém os distinguisse uns dos outros – graças simplesmente aos anos de antiguidade na profissão que todos automaticamente iam somando.

Durante mais de trinta anos nunca ninguém se apercebeu que o Senhor Professor António Raposo não tinha as habilitações ou as qualificações profissionais que se arrogava, pura e simplesmente porque durante todo esse tempo nunca ninguém o avaliou ou sequer se preocupou com a forma ou a competência com que desempenhava a sua profissão.

Senhora ministra: por favor, não desista!

Anónimo disse...

Pelo que se percebe do artigo que copiei para o meu blog, MLR foi prof do básico ou do secundário. Já me tinham dito mas não souberam indicar quando e onde...

http://criticademusica.blogspot.com