sábado, 22 de março de 2008

DEBATES

Muitas têm sido as crónicas, artigos e colunas de opinião sobre o protesto dos professores contra as recentes investidas do Governo. Umas quase certas, outras erradas, outras ofensivas, outras ocas, outras pertinentes e outras para rir. É o caso desta! Eis a opinião de Gonçalo Bordalo Pinheiro na última revista SÁBADO á qual responderei de seguida:

bordalo.jpg


Exmo. Sr. Bordalo

Confesso que o seu apontamento de opinião me causou um ataque de riso como há muito não tinha, pois, afinal, isto não está nada para rir!

Bom, mas o meu amigo tem muito jeito para graxista de cágado; isso nota-se no jogo de palavras que experimenta, para persuadir os leigos leitores, e estes acharem que o senhor é um bom colunista. Aliás, eu até já inventei um partido novo para militantes como o senhor que proliferam, qual bazar chinês, pagos para opinaram sobre o que ignoram; chama-se PCP (Partido Colunista Português).

E o senhor ignora porquê?

Diz que a autoridade não se decreta (bonito!), conquista-se (lindo!), com coerência, determinação e competência (palmas!). Diga-me uma coisa: a quantas pessoas é que o senhor, com coerência, determinação e competência, tem de conquistar autoridade por dia? A 70, 80?… Ou se calhar só ao seu cão? O senhor já esteve numa sala de aula? O senhor tem uma poção mágica que me arranje para conquistar autoridade a um aluno mal intencionado que, seguro que o sistema apenas o protege e facilita, boicota e inquina todo o processo ensino/aprendizagem, a não ser por vias de facto?


Sr. Bordalo, está enganado. Em alunos decentes, com princípios adquiridos onde se devem adquirir e com um pingo de educação, a autoridade não se conquista; a autoridade reconhece-se!


Prossegue V. Exa a sua brilhante coluna dizendo que os professores têm de dar exemplos e não é com piqueniques anárquicos (esta foi a parte em que o meu riso atingiu o orgasmo) que eles se dão. Piqueniques anárquicos? Hã? Ó senhor Bordalo, deixe cá ver… Deve ser um piquenique em que um rouba o pão ao outro, alguém atira um pedaço de toucinho ao ar e 50 professores esganam-se até à morte para apanhá-lo… Será?


Por amor de Deus, senhor Bordalo!


Para si, 100 000 professores tinham de chegar ao Marquês, telefonar à mamã a pedir autorização para se sentarem na relva, rezar, quiçá, uma oração, comer uma sopa sem sal ou uns flocos de cereais… Assim estaríamos a ser um exemplo, não?


Senhor Bordalo, vamos lá acordar!


Eram cem mil pessoas com, pelo menos, a mesma dignidade que a sua, a reivindicar por uma avaliação justa, coerente, objectiva e que não tenha a castração de carreiras como único objectivo, percebe? Não deite essa posta de pescada de que os professores não querem ser avaliados; essa é a moda dos surdos e obtusos, senhor Bordalo!


Numa democrática e ordeira manifestação de descontentamento, o senhor queria ouvir o quê? Viva a ministra!!! Palmas para Sócrates!!! Espezinhem-nos que a gente gosta!!! Roubem-nos que «tasse» bem!!! No seu entender isso é que não era ser brejeiro, vulgar e histérico, não era senhor Bordalo?


Na segunda feira, senhor Bordalo, sentei-me em frente aos meus alunos e, para seu azar, a primeira coisa que lhes disse foi justamente que a marcha da indignação foi um exemplo puro de democracia e liberdade e que seguissem aquele exemplo no futuro, como a mais correcta e racional forma de discordar dos políticos que lhes condicionarem negativamente a vida. E, ainda para maior azar seu, senhor Bordalo, foi das aulas em que me senti mais realizado, porque até eles entendem uma coisa que só alguns colunistas e outras mentes contaminadas não entendem.


Termina V. Exa. a sua prosa com mais um atentado à razoabilidade! Então o senhor culpa os professores pelos chumbos, repetências e reprovações? Ó senhor Bordalo, sabe quem é que faz chumbar, repetir e reprovar? Sabe? São os professores, senhor Bordalo! Portanto, o senhor acha que existe em Portugal uma nova confraria de 150 000 pessoas; a confraria do masoquismo! Na minha terra, senhor Bordalo, os chumbos, para além da pesca e da pressão de ar, são consequências dos maus alunos e não dos maus professores. Por este exemplo se percebe o pantanal que vai na sua cabeça a este respeito.


Era tão fácil! Vamos lá passar os alunos todos para o senhor Bordalo dizer que os professores são bons. Bem, assim pensam os legisladores, já que não me espanta, na senda do sucedido, que daqui a nada saia uma lei a proibir reter alunos incondicionalmente. Digamos que será o nirvana! Portugal passará a ser um exemplo de sucesso! Os finlandeses emigrarão para cá! O Ministério condecorará todos os professores! A CONFAP rejubilará! Os colunistas passam a falar do que sabem!…


Pena é que nessa altura os professores serão, de facto, umas verdadeiras bestas aberrantes!


Paulo Carvalho

7 comentários:

Anónimo disse...

http://adosinda-cruz-heroina-nacional.blogspot.com/
Consultar
Adriano correia de Oliveira e Manuel Alegre
http://adosinda-cruz-heroina-nacional.blogspot.com/

Anónimo disse...

Queridos Professores
Custa muito ouvir, neste caso ler, as verdades.......

maria_maia disse...

A opinião pública ( incluindo a de muitos colunistas, administradores e visitantes de blogues) persiste em ignorar que NÃO é a escola que cria, fomenta ou alimenta as perturbações familiares e todas as mais variadas e graves disfunções das comunidades onde cada escola está inserida. O contrário é que é verdade: os alunos, como é natural, é que importam para o seio escolar TODOS os problemas da sociedade.

A pedagogia do sucesso só pode triunfar numa sociedade equilibrada, e a nossa, todos sabemos que, infelizmente, está gravemente doente...

Mas, eleger os professores para bodes expiatórios, tentar repetidamente crucificá-los na praça pública, deve ser a estratégia urdida por muito "boa" gente.
Camuflar as verdadeiras razões, distrair a opinião pública ou canalizá-la num único sentido, deve ser muito conveniente. E a verdade é que resulta. A cegueira instalou-se. Até a própria blogosfera entrou em crise de criatividade temática...

Os responsáveis pelas diversas políticas nacionais devem rebolar-se de riso e satisfação com os caminhos seguidos pelo manipulável rebanho, respondendo ao "assobio" monocórdico dos meios de comunicação social...

Acredito no entanto que a VERDADE dos factos, estará para breve.
Quando for posta na prática uma verdadeira e coerente "avaliação do desempenho dos professores" ( e não uma avaliação dos professores ) , quando os repetidos relatórios e denúncias que os professores fazem e deixam lavrados em actas e/ou anexados aos processos dos alunos, forem realmente lidos, valorizados , analisados e tidos em conta, aí a verdade ficará totalmente exposta. Aí ficarão finalmente apuradas as verdadeiras causas do insucesso escolar! É URGENTE que aconteça!

Numa relação causa/efeito, eliminem-se as causas que os efeitos também serão eliminados ou modificados.

A pedagogia do sucesso acabará por triunfar, apenas, se os reais problemas que os professores enfrentam, ao exercerem o desempenho das suas funções junto dos seus alunos, forem denunciados, se forem alvo de análise séria e se forem encontradas soluções eficazes por parte de QUEM GOVERNA esta pacata terrinha....

Anónimo disse...

Se os professores dao estes exemplos como esperar outro comportamento dos alunos.......
Tudo o resto e verborreia!

maria_maia disse...

a que exemplos se refere, anónimo das 12:12 ??

sofia branco disse...

Aposto que este senhor anónimo adoraria ser professor, pois estes são uns malandros, três meses de férias, salários fenomenais, não fazem nadinha... é ou não é? Os meninos são adoráveis, os pais excelentes, os maus , claramente, os mandriões dos professores!!
Diga-me senhor, o que faz na vida, além de escrever disparates? É um bom profissional ou está no desemprego? É pai no verdadeiro sentido da palavra ou é daqueles que mandam os filhos para a escola e com muita pena que esta não esteja aberta aos fins de semana?
Uma coisa é certa, o seu grau de lucidez encontra-se muito abaixo da média, aconselho-o a frequentar um CEF, sucesso garantido!

Anónimo disse...

Boas, este anónimo é isso mesmo:
ANÓNIMO!!! Ninguêm,Coitado...
Vai passar a vida assim escondido!
Debaixo da cama...
L.Reis