Nos dias 20 e 21 de Março, todos os telejornais abriram com o vídeo em que uma professora era agredida e derrubada por uma aluna de 15 anos. A notícia era a agressão ter sido filmada, pois já há muito que se dizia que isso acontecia diariamente nas escolas públicas portuguesas, mas ninguém se acreditava. Todos falam sobre a Educação, mas ninguém quer ouvir os professores nem conhecer o que se passa dentro da Escola. A própria ministra, ao chamar "professorzecos" a uma classe, deu o exemplo, insultando os docentes.
Todos os dias há professores insultados, com os carros riscados, com os pneus furados e nunca há alunos castigados, mesmo que se faça queixa à GNR e se identifiquem os responsáveis, porque são menores e estão dentro da escolaridade obrigatória.
As pessoas interrogam-se sobre os motivos que levaram a professora a não fazer logo queixa. Quem está no ensino percebe perfeitamente, se ela fizesse queixa (como é ela que está a ser avaliada e não a aluna) na sua grelha de avaliação obteria notas negativas nos seguintes indicadores:
"Proporciona, com eficiência e elevado grau de exigência, situações de igualdade de oportunidades de participação e integração dos alunos e aprofunda regras de convivência, colaboração e respeito;"
"Equilíbrio no exercício da autoridade e adequação das acções desenvolvidas para a manutenção da disciplina na sala de aula;"
"Exerce autoridade, mantém a disciplina na sala de aula com facilidade promovendo a responsabilidade na mudança de comportamentos;"
Obviamente, depois da divulgação do vídeo teve de fazer queixa, mas a prejudicada será a professora e não a aluna. Gostava de saber o resultado do inquérito instaurado . Num dos telejornais, dizia-se que a mãe temia que a aluna fosse expulsa. Descanse, minha senhora! A sua querida filha, de acordo com o novo estatuto do aluno, nem que mate um professor ou funcionário, incendeie um automóvel ou a escola, poderá ser expulso. É verdade, temos uma escola de sucesso para formar terroristas. É o sistema que nós temos. Se os professores não forem respeitados, serão eles que terão de procurar um novo emprego. A sua filha continuará na escola com o telemóvel que a senhora lhe comprou. É assim o sistema de rigor imposto por este governo.
Imaginemos agora as condições psicológicas que a professora terá para enfrentar esta turma (e as outras). Preocupe-se com isso, minha senhora!
Felizmente, nem todos os alunos são assim. O pior é o clima de impunidade que este ministério está a promover, desautorizando constantemente os professores e passando os alunos, mesmo que não queiram aprender. Nos CEF, que a Sr.ª Ministra tanto elogia e diz que são um sucesso por todo o país, nem se pode marcar faltas disciplinares, porque os alunos têm de assistir a todas as aulas. Os alunos que querem aprender e os professores que querem ensinar estão a ser prejudicados por uma minoria a quem o governo deu impunidade total. Nem o Presidente da República tem tanta impunidade como um aluno da escola pública portuguesa.
Parabéns, Senhora Ministra! Está a ter sucesso! Conseguiu que alguns alunos transmitissem um pouco do ódio que a Senhora Ministra sente por nós.
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